quarta-feira, 6 de abril de 2011

Manifestantes lembram um ano da tragédia das chuvas em Niterói e cobram o pagamento do Aluguel Social

Cerca de 500 pessoas participaram do protesto na tarde desta terça-feira
André Muzell/R7


Cerca de 500 pessoas participaram de manifestação por um ano da tragédia das chuvas em Niterói

Cerca 500 pessoas participaram nesta terça-feira (06) da manifestação por um ano da tragédia das chuvas de abril de 2010 em Niterói, que matou 168 pessoas e deixou mais de 3.000 famílias desabrigadas. A principal reclamação dos manifestantes é o atraso e não pagamento do Aluguel Social.


Segundo a prefeitura de Niterói, 3.200 famílias estão cadastradas no Aluguel Social. Destas, 2.400 estão recebendo o benefício e 839 pessoas estão sem receber porque tiverem problemas com a documentação.

Mas de acordo Francisco Carlos Ferreira, diretor do comitê dos desabrigados de Niterói e presidente da associação de moradores do Bumba, outras 7.000 mil famílias tiveram que deixar suas casas e não conseguiram se cadastrar no Aluguel Social.

- A Defesa Civil condenou 7.000 casas e essas famílias não puderam retornar. E muito menos recebem o Aluguel Social.

Esse é o caso da auxiliar de serviços gerais Cristiane Lima Vidal, 36 anos. Ela é moradora da comunidade da Engenhoca, tem quatro filhos e o marido está desempregado. Com uma renda familiar de R$ 582, ela mora em uma casa alugada no valor R$ 350, mas ela não recebe Aluguel Social. Cristiane já pensa em voltar para a antiga casa. A moradora tem o laudo da Defesa Civil que a casa dela foi condenada.

- A minha casa foi condenada, estou há um ano fora de lá. A Defesa Civil disse que eu não poderia mais retornar, tive que mudar toda a minha rotina, estou pagando aluguel sem ajuda da prefeitura. E por causa disso talvez tenha que retornar para casa, não tenho mais como pagar o aluguel.

O protesto foi pacífico e saiu da antiga prefeitura de Niterói, passando pela Câmara dos vereadores e se concentrou na atual sede do Poder Executivo da cidade. Os manifestantes carregaram cartazes, bandeiras e fizeram um boneco para representar o prefeito Jorge Roberto Silveira.

Um dos participantes, identificado como João Batista da Silva, foi detido, segundo a Polícia Militar, por desacato a autoridade. A manifestação contou com 100 policiais do Batalhão de Niterói (12º BPM) e 16 homens da tropa de choque da PM.

Desabrigados sofrem sem ter onde morar após um ano

Em meio aos manifestantes, é possível encontrar várias histórias de sofrimento. A moradora do morro do Bumba Aurelina Vieira do Nascimento, de 71 nos, ainda não conseguiu receber uma parcela do Aluguel Social.

- Há um ano vivo de favor na casa de parentes. Não aguento mais essa situação.

A doméstica Conceição Teixeira Alves perdeu familiares na tragédia e se sente inconformada por precisar lutar pelo benefício de R$ 400. Na sua carteira, ela carrega as certidões de óbito e o laudo da Defesa Civil que interdita o seu imóvel.

- Já me tiraram meu irmão e meu sobrinho, mas ainda tenho que correr atrás de uma casa para morar. Essa história se arrasta há um ano e nada acontece.

Ganhar o Aluguel Social não é garantia de resolver o problema. A presidente da União de Moradores da rua Coelho, em Niterói, Benedita Costa, conseguiu receber oito parcelas do benefício, mas a de janeiro deste ano não foi depositada.

- Vivo em um imóvel em que o aluguel é de R$ 550, mas o que recebemos de ajuda é R$ 400. Não tenho mais condições de gastar esses R$ 150 todo mês. Também não consigo me mudar outro lugar, pois todos sabem que dependo do Aluguel Social. 

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