quarta-feira, 18 de maio de 2011

Sem-teto inspiram filme com Dira Paes em SP


Prédio ocupado na rua Mauá, no centro, serviu de locação para o longa-metragem
Mônica Ribeiro e Ribeiro, do R7DivulgaçãoDira Paes (primeira à esquerda) interpreta personagem inspirada em Neti (terceira da esquerda para a direita), líder do MSTC (Movimento Sem-Teto do Centro)
A história dos sem-teto que ocupam há três anos um prédio no centro de São Paulo serviu de inspiração para o filmeEstamos Juntos, do cineasta Toni Venturi – o mesmo diretor de Cabra Cega e do documentário Rita Cadillac – a Lady do Povo. O longa-metragem, que teve como locação o prédio ocupado na altura do número 240 da rua Mauá, deve estrear nas telonas no primeiro semestre de 2011.
Mesmo sendo uma história fictícia, o filme se inspirou em uma personagem real: Ivaneti de Araújo, líder do MSTC (Movimento Sem-Teto do Centro). No longa, ela será representada por Dira Paes, que será a Eleonora. Para compor a personagem, ela passou um tempo com Neti, como Ivaneti é mais conhecida.
- Ela ficou um tempo aqui comigo para compor a personagem, que foi inspirada em mim. Durante as filmagens, até as famílias foram figurantes.
De acordo com a produtora Olhar Imaginário, o filme foi rodado nos meses de outubro e novembro de 2009 na cidade de São Paulo, Paulínia (a 117 km da capital) e região. O roteiro conta a história de Carmen, uma jovem médica vivida por Leandra Leal, que ao descobrir que tem uma doença terminal, passa a fazer serviço voluntário numa comunidade de sem-teto.
Em 2005, o cineasta fez o documentário Dia de Festa, que também narra o cotidiano de ativistas do movimento sem-teto.
Rotina real
A líder dos sem-teto coordena a ocupação com pulso firme. Afinal, são mais de mil moradores num prédio com mais de 30 apartamentos distribuídos em cada um dos seis andares. Casada e mãe de quatro filhos, Neti conta que, na Associação Mauá, criada pelos moradores, há vários projetos para movimentar a economia local.
- A gente tem várias propostas, inclusive de criar um shopping popular, numa espécie de cooperativa, para fazer com que o dinheiro das vendas seja revertido e deixe o condomínio barato.
Na ocupação, as regras são claras: não pode beber, usar drogas, brigar e até andar sem camisa, no caso dos homens.
- A partir deste portão para dentro, todos são uma família. Aqui dentro tem que ter o respeito.
Como o prédio fica na Luz, bairro do centro de São Paulo próximo à chamada Cracolândia, todos os moradores têm de mostrar RG na portaria e dizer em qual andar moram. Visita só é permitida até as 21h.
Quem não é morador só pode entrar no prédio além do horário estipulado se houver comunicação na portaria. A medida linha-dura foi aplicada depois que dois crimes ocorreram no Mauá.
- Em um caso, um homem roubou a chave de um morador e levou a mulher para o apartamento. Ele não morava lá e usou o espaço para despistar a polícia. Ele esfaqueou a mulher, que sobreviveu.
Outro caso foi a do ex-marido de uma moradora, que não tinha se conformado com a separação. Ele entrou armado no prédio e, para colocar medo na mulher, deu um tiro na cabeça do filho de dois anos do casal. A criança sobreviveu, mas ficou com sequelas.
Os porteiros da ocupação são pagos. Segundo a líder Neti, no começo, todo trabalho é voluntário. Depois que a ocupação é consolidada, os funcionários passam a ser remunerados, até porque para ficar na portaria tem que ter “pulso forte”.
- Nossa área é complicada, violenta... Por isso, tem que profissionalizar. É uma forma de educar os nossos associados a não quererem tudo de graça. Até porque, quando houver o financiamento, todos terão de se comprometer a pagar a moradia.

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