domingo, 14 de novembro de 2010

Jornalismo é para desacomodar

13 outubro 2010
Enquanto o Profissão Repórter, que já fez tantas pautas de grande importância social, tratava do festival SWU, o programa A Liga, da Band, de Rafinha Bastos, Thaíde, Débora Villalda e Rosanne Mulholland, chocou os telespectadores, abordando o problema de moradia que muitos brasileiros enfrentam sem que muitos outros sequer enxerguem.

A reportagem, interrompida mais de uma vez pela cobertura do resgate dos mineiros que ficaram presos em um mina no Chile, mostrou o problema da falta de moradia por diversos ângulos, com destaque para locais abandonados que acabam ocupados e pessoas morando em situação absolutamente precária.

A Liga tem trazido, a cada semana, pautas como essa, situações de caos social que a classe média, os governos e a grande imprensa insistem em ignorar, fecham os olhos. A primeira fecha-se em condomínios fechados e carros com insulfilm, os segundos escondem os problemas para não resolvê-los ou buscam apenas medidas paliativas, e a última tem por tarefa diária a reprodução de um discurso que em nada se aproxima das necessidades da sociedade brasileira.

Pois A Liga derruba esse muro, arranca esses olhos cegos e os substitui por outros sãos, desacomoda o telespectador da poltrona. A última edição do programa levou uma das apresentadoras a (tentar) dormir em meio a uma multidão de ratos, enquanto outro carregava uma mulher de classe média alta até um prédio ocupado por sem-teto. A mulher, resistente, foi, e viu-se obrigada a, por alguns instantes, conviver com quem ela preferiria nem enxergar. Seu copo de água ficou intacto sobre a mesa da mulher que a recebeu.

Postado por Alexandre Haubrich

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