Tragédias como essas se repetem. Nos dias anteriores aos acontecimentos do Rio, fora São Paulo quem sofrera com problemas semelhantes. No início de 2010 foi a mesma coisa. Durante o último ano as enchentes se repetiram em São Paulo. No Alagoas, também. Todos os Estados brasileiros enfrentam, em medidas, níveis e momentos diferentes, esse tipo de dificuldade. E, tragédia após tragédia, os diversos governos se dizem surpresos com a intensidade das chuvas, culpam a população por jogar lixo nas ruas, culpam, literalmente, deus e o mundo. E a mídia tradicional vai no mesmo embalo.
Dependendo do governo e do momento político, as causas estruturais dos problemas são ignoradas. A responsabilidade do Estado é omitida pela velha mídia, e nos casos mais recentes de São Paulo e do Rio de Janeiro foi / está sendo desse jeito. Problemas de limpeza urbana e das vias de escoamento, construções ilegais nas encostas (sejam mansões construídas por ricaços irresponsáveis, sejam barracos construídos por quem não tem onde morar).
Praticamente ou totalmente ignoradas pela grande mídia as necessidades de uma profunda reforma urbana, de fiscalização em áreas de risco, de maiores cuidados de manutenção das estruturas das grandes cidades. Uma passagem pelos portais dos três maiores jornais do país e pelo G1 mostra essa omissão. Às 22h30 desta quarta-feira (13/01), são 40 chamadas nos quatro sites (nove no G1, 14 no O Globo, dez na Folha de S. Paulo, sete no Estadão). Nenhuma das 40 chamadas refere-se às causas político-sociais da tragédia. Entre os quatro textos principais, apenas duas rápidas referências a essas causas, no Estadão e no O Globo. Mas bem rápidas. O que aconteceu foi, novamente, um verdadeiro crime cometido pelo Estado contra a sociedade. Ao calar-se, a mídia torna-se cúmplice dessas centenas de assassinatos.
Vale destacar que hoje as emissoras de televisão começaram a falar das responsabilidades do governo do Rio de Janeiro, curiosamente omitidas no caso de São Paulo.
Quarenta chamadas, nenhuma falando em causas além da chuva. Para não responsabilizar ninguém, responsabiliza-se “a chuva” ou “as enxurradas”.
G1:
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Dilma libera R$ 780 milhões para municípios atingidos por chuvas
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Enchente traz maior risco para a saúde
O Globo:
Já passa de 260 o total de mortos pelas enxurradas em 3 cidades da Região Serrana
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Chuvas deixam moradores incomunicáveis
Temporal deixou 75 mil clientes sem luz na Região Serrana
BR-116 está interditada
Folha:
Chuva mata ao menos 257 na região serrana do Rio; 130 são de Teresópolis
Escola vira necrotério em Nova Friburgo
Era inevitável abrir comporta, diz Sabesp
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Franco da Rocha (SP) permanece alagada
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Dilma vai sobrevoar região serrana amanhã
Governo libera R$ 780 milhões para Estados afetados
Chuva destrói hotel e teleférico de Nova Friburgo
Lama dificulta ajuda, ouça relato do enviado
Estadão:
Chuva mata 257 pessoas na Serra do Rio
Previsão é de mais chuvas para a região
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Postado por Alexandre Haubrich
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