sábado, 11 de dezembro de 2010

Caros formigas,

como alguns devem ter lido, hoje começou a ExpoBrasil 2010 no Rio. Fui a trabalho participar de um debate sobre museus e descobri que depois desse debate começaria outro sobre Desenvolvimento Integrado e Mega-Eventos Esportivos, promovido pela SEBRAE-RJ. Como o Alvito viajou e não deu tempo de avisar às formigas com antecedência, fiquei mais tempo no evento para pescar algumas informações. Bem, que Copa do Mundo, Olimpíadas, Panamericano, etc, geram muito dinheiro, todos sabemos. Mas saber das cifras é sempre bom. Então, para todo o formigueiro, e especialmente para o pessoal da pesquisa, seguem alguns dados. Mas antes uma explicação da apresentação.
O SEBRAE está trabalhando para a adaptação e preparo das empresas de diversos setores para a Copa do Mundo de 2014, para prestação de serviços adequados à demanda excepcional que esses mega-eventos geram. Portanto, o referencial é o pequeno empresário que pode investir em dinamismo no negócio, oferecendo um produto inovador ao cliente em potencial nesses eventos, ou seja, o turista (por exemplo, comidas típicas do Brasil para estrangeiros). O palestrante Luiz Barboza afirmou que a FIFA (não sei se ele atribuiu isso à FIFA corretamente) pressiona os organizadores para que a próxima Copa seja uma Copa Verde, talvez para subtrair o conteúdo de corrupção e altas movimentações financeiras denunciadas nos últimos tempos contra a FIFA, CBF, etc. Nas palavras do palestrante, "como querer uma Copa verde sem querer que ela seja social, e consequetemente, sustentável?" Uma Copa sustentável, para ele, necessita que o empresário gastronômico, por exemplo, além de oferecer uma comida típica do Brasil, a incremente com produtos orgânicos do pequeno agricultor; ou que o lojista ofereça artesanato local ao invés de manufaturados ou sem-industrializados da China; e assim por diante. Eu, que não sou empresário e apoio a agroecologia e o artesanato, entendo a oportunidade que tem tanto o empresário quanto o pequeno produtor. Mas fiquei pensando "onde estará o esporte na cabeça desse pessoal?" Pergunta ingênua para se fazer o meio de um evento empresarial... Será? Nesse Mega-Evento Esportivo, tudo está voltado para as margens de lucro (da FIFA até o produtor). Incrível como uma palestra sobre evento de esporte repete tantas vezes "processo","desempenho","produtividade","competitividade","negócios","qualificação","mercados", etc. Mas a margem de ganho que tem esse pequeno produtor, lá na base da pirâmide, não compra ingressos para que sua família possa assistir um jogo, não compra camisas oficiais da seleção, não paga pay-per-view para assistir o que as grandes emissoras obrigam; tudo volta-se para o turista (aqui não vai incentivo algum ao pouco caso com pessoas estrangeiras, muito menos xenofobia). O brasileiro que sai ganhando, fora as mega empresas que ganham sempre, é o pequeno empresariado. Mas, e o esporte, hein? Elitiza-se cada vez mais. Bem chega de resenha. Vamos ao dados, que listo abaixo:

Até 2014, a Copa do Mundo movimentará 142,4 bilhões de reais (79,2% em infraestrutura e 20,8% em produtos e serviços)

Até 2014, projeta-se que o movimento potencial em milhões de reais por setor será: têxtil 580,5 / autopeças 469,2 / eletrodomésticos 429,4 / materiais elétricos 384,2 / móveis 267,6 / calçados e couro 242,7 / entre outros setores...

Os gastos dentro do Brasil dos turistas durante a Copa é projetado assim, em milhões: hotéis 2.126 / alimentação 903 / compras 832 / transporte 529 / cultura 517 / comunicação 273 / outros 760

Estima-se que depois de 2014, o Brasil saia da estagnação em termos turísticos, de 5 milhões de turistas/ano para 7,5 milhões em 2014 e 9 milhões em 2018

Durante a Copa, apenas 42% dos turistas são amantes de futebol; 30% são convencionais (tem noção do que o Brasil oferece); 20% são turistas-novidade (não tem noção do que o Brasil oferece); 8% são dependentes de condições de futuro (dependem de orçamento para usufruir de tudo o que o Brasil oferece - chamados mão-fechada, palavras do palestrante)

Nós da ANT devemos inquirir sobre as transformações de toda essa grana em benefícios sociais, reversões em melhoria da qualidade de vida do povo, do produtor de artesanato, das comunidades que deveriam usufruir dos aparelhos esportivos. Movimentar dinheiro não significa distribuir os benefícios que a movimentação gera. Afinal, que Copa social é a nossa? Para mais dados, quem desejar entrar em contato com o palestrante, escreva paraluiz.barboza@lbcconsultoria.net ou ligue 21-3553-2590 

Abraço de formiga,

Marcos Felipe

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