segunda-feira, 7 de maio de 2012

Novo Pinheirinho em Brasília e a luta por moradia

por Luana Luizy, redação Brasília da Vírus Planetário.
A luta por moradia digna ganha mais um capítulo no Distrito Federal, onde mais de 1.200 famílias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) estão acampadas em Ceilândia, cidade satélite de Brasília, desde o dia 21 de abril. O acampamento carrega o nome de Novo Pinheirinho, em referência ao massacre que aconteceu em São José dos Campos (SP).
O terreno pertence à Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) e estava cedido ao programa PRÓ- DF para a construção de um galpão de uma empresa de concreto, a Concrecon. Entretanto, ele está abandonado há sete anos.
O MTST está organizado em oito setores: infraestrutura, apoio, segurança, formação, articulação, ciranda, política e abastecimento. “A luta aqui não tem sido fácil, cheguei aqui em Brasília em 1979 e embora eu esteja cadastrada no programa de moradia nunca fui contemplada”, afirma Maria José Tomaz, militante e uma das acampadas. Maria se refere ao Morar Bem, programa habitacional do GDF que não tem atendido às demandas de Brasília. O Movimento reivindica moradia de qualidade para todas as famílias, com terreno provisório ou auxílio-aluguel até que as casas definitivas fiquem prontas.
O governador Agnelo Queiroz (PT) não tem dialogado, revela Edson Francisco da Silva, coordenador do acampamento. “Não sabemos o que esperar desse governo, é como uma bomba relógio”.
Mais de 1200 famílias estão acampadas em Novo Pinheirinho. Foto: JPhilippe Bucher/Nemetscek.
A justiça concedeu um mandado de reintegração de posse e a polícia ameaçava invadir o local. No entanto, o Ministério das Cidades interviu nas negociações e solicitou mais 40 dias para que encontrasse uma solução. Na última sexta-feira (6), o Governo do Distrito Federal (GDF) recuou e o juiz responsável pelo processo concedeu uma liminar que adiava a reintegração de posse para o dia 20 de maio, mas há rumores de um despejo ilegal antes do dia previsto.
A política do Governo do Distrito Federal compromissada com a especulação imobiliária e o coronelismo fundiário reflete o descaso com loteamento digno para as camadas populares, aliada a repressão aos movimentos sociais.
Na última quinta-feira (2) durante ocupação no Palácio dos Buritis, sede do Governo do Distrito Federal, houve confronto com a polícia.O governador Agnelo Queiroz se recusa a dialogar. O choque com a polícia resultou em dois feridos, sendo que um deles teve que se submeter a dezoito pontos no braço.
Outro ponto notável e que tem corroborado para descriminalização dos movimentos sociais tem sido a mídia candanga, o maior jornal da cidade o Correio Braziliense publicou uma matéria em que afirmava que integrantes do Movimento haviam montado um acampamento de guerra munidos a paus, facas, foices, gasolina e coquetéis molotov, treinando até crianças.
Como se fosse ilegítima a ocupação dos integrantes e que eles só estariam dispostos a guerrear,ora qualquer um que visite o acampamento sabe da inveracidade dessa informação, há sim um clima de tensão dentro do acampamento, mas esse clima se deve ao medo de que se repita o que aconteceu em São José dos Campos, onde houve mortos e corpos que continuam desaparecidos até hoje pelo governo fascista do PSDB.
A Ocupação Novo Pinheirinho é composta por famílias que tiveram seu direito social à moradia negado pelo Estado e, por isso, foram levadas a ocupar um terreno que estava há sete anos ocioso, mas por falta de alternativas.
Os integrantes juntaram pneus, paus e pedras – como costuma ser a resistência dos mais pobres. Portanto, trata-se de meio de defesa contra o levante repressor e cada vez mais autoritário que a polícia do DF tem mostrado. Sendo totalmente inverosímel afirmar que o MTST use crianças como escudo.
Até o dia 15 de maio há a previsão de que o governo do GDF dialogue com o movimento. “O governo do Distrito Federal está desgastado, mas a pressão social tem sido forte, o governo vai ter que recuar, ele precisa tomar uma posição. Só sairemos daqui fechando um acordo com o governo sobre a construção das moradias, e com uma solução provisória até que o terreno definitivo fique pronto. Só aceitamos remoção com chave na mão”, pontua Edson da Silva.

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