quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sem-teto fecha Régis e Rodoanel por 3 horas


Com barricadas de fogo, manifestantes interditam as rodovias e tumultuam a volta para casa na hora do rush

Objetivo era exigir do governo do Estado a construção de casas; polícia negocia, mas não tenta liberar vias
DE SÃO PAULO
DO “AGORA”
Com barricadas formadas por pneus e madeira incendiados, um grupo de sem-teto fechou ontem por quase três horas os dois sentidos da rodovia Régis Bittencourt, principal ligação de São Paulo com a região Sul do país.
A interdição impactou a alça de acesso ao trecho sul do Rodoanel, que, em razão disso, também teve o tráfego parado pelo mesmo período.
O protesto, iniciado por volta das 17h, horário do rush, tumultuou a volta para casa de paulistanos e moradores de cidades do entorno como Barueri, Cotia, Embu das Artes e Taboão da Serra.
A manifestação ocorreu no km 279, em Embu das Artes, próximo ao entroncamento da Régis com o Rodoanel. O acúmulo de veículos acabou provocando lentidão também na rodovia Castello Branco.
Na Régis, o congestionamento no pico atingiu 11 km no sentido de São Paulo e 6 km em direção a Curitiba. No Rodoanel, a lentidão chegou a 18 km no sentido do litoral.
Pessoas que trabalham na capital e moram em condomínios como Alphaville (Barueri) e Granja Viana (Cotia) levaram três horas para fazer um trajeto que é possível completar em menos de uma.
O protesto foi organizado pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que disse ter reunido 1.500 manifestantes. Para a Polícia Militar, não passaram de 200.
A PM -incluindo a tropa de choque- e a Polícia Rodoviária Federal foram ao local para desimpedir a via, mas não houve nenhum confronto, nem tentativa de retirar os sem-teto com o uso da força.
Segundo a PM, os policiais não podiam retirar os manifestantes por causa do fogo. Já os bombeiros disseram que estavam impedidos de apagar as chamas porque os sem-teto ficaram posicionados atrás das barricadas.
Os manifestantes pediam a construção de casas populares em um terreno no Parque Pirajussara, em Embu das Artes. O protesto só terminou perto das 19h45, quando representantes do Estado negociaram uma reunião com a Secretaria da Habitação na próxima terça-feira.
PINHEIRINHO
Segundo Guilherme Boulos, coordenador do MTST, o governo havia se comprometido com o projeto de construir casas populares no terreno do Jardim Pirajussara, mas até ontem não havia enviado um projeto de lei para a Assembleia Legislativa.
De acordo com ele, o terreno de 450 mil metros quadrados pertence à CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e poderia abrigar 1.500 famílias.
Invadido em março, o terreno abriga cerca de 2.800 famílias, segundo o MTST. O local é chamado pelo movimento de "Pinheirinho de Embu", pois algumas famílias moravam no Pinheirinho, área de São José dos Campos (a 97 km de São Paulo) palco de uma controversa reintegração de posse em janeiro deste ano.
A CDHU informou que a área é destinada à construção de 1.300 moradias populares, mas que o projeto está suspenso devido a uma ação judicial movida pelo movimento ambientalista Pró-Parque Ecológico, Cultura e Lazer do Pirajussara. A companhia informou que já acionou a Justiça para tentar liberar a obra.
A CDHU disse ainda estar "em contato com as famílias para ajudá-las a solucionar o problema" e que "todos os pontos apresentados pelos sem-teto já estão sendo atendidos ou em negociação".
Entre as propostas do governo está a concessão de auxílio-moradia para 400 famílias, que, segundo a pasta, foi rejeitada pelos sem-teto.
Ainda segundo a CDHU, a secretaria assegurou quatro áreas para a construção de moradias na Grande São Paulo -duas em Taboão e duas em Itapecerica da Serra.

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