segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Ativistas protestam contra remoções para obras da Copa e das Olimpíadas


13/08/2012 17h46 - Atualizado em 13/08/2012 20h30


‘Tem uma série de violações aos direitos humanos’, diz manifestante.
Procurada pelo G1, a assessoria da prefeitura ainda não se posicionou.


13/08/2012 17h46 - Atualizado em 13/08/2012 20h30

Bernardo Tabak

Do G1 RJ

Protesto na chegada da bandeira olímpica ao Galeão (Foto: Bernardo Tabak/G1)Protesto na chegada da bandeira olímpica ao Galeão (Foto: Bernardo Tabak/G1)
Ativistas do Comitê Popular da Copa e da Olímpiadas protestam, na tarde desta segunda-feira (13), contra as remoções de famílias realizadas pela Prefeitura do Rio de Janeiro, por conta de obras de infraestrutura e de transportes, muitas delas preparatórias para a Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016.
Os manifestantes, que estão próximos à entrada do prédio da administração da Infraero, no Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, aguardavam a chegada do prefeito do Rio, Eduardo Paes, e do governador Sérgio Cabral, que trazem de Londres a bandeira olímpica.

O Comitê Popular é formado por representantes de diversos movimentos e organizações da sociedade civil, além de líderes de comunidades. De acordo com a advogada Clara Silveira, o comitê questiona os efeitos e o legado da Copa e das Olimpíadas. “Tem uma série de violações aos direitos humanos que está sendo cometida pela prefeitura, como a remoção de famílias em comunidades pobres, a perseguição aos trabalhadores informais pela Guarda Municipal e o recolhimento compulsório de moradores de rua”, afirma ela.

Em entrevista coletiva, o prefeito Eduardo Paes rebateu as críticas. “O único processo de reassentamento que tem a ver com as Olimpíadas é na Vila Autódromo, para a implantação do Parque Olímpico. Nenhuma outra (comunidade) tem a ver”, afirmou ele. Paes disse ainda que todas as famílias da Vila Autódromo vão ser reassentadas em um terreno nas proximidades da favela. “Ninguém vai tirar ninguém sem dar alternativas. As pessoas só vão sair com muita conversa e debate. Não tem uma cena de alguém sendo desrespeitado em seus direitos”, enfatizou.
Eduardo Paes afirmou que o protesto tem caráter político: “No Rio de Janeiro, tem sempre os encrenqueiros, os caras do contra, por isso a cidade ficou parada por muito tempo. Mais tarde, esses politiqueiros de plantão vão sumir, como sempre.”

Manifestantes querem entregar 'Troféu Remoção' ao prefeito
Os manifestantes prometem entregar ao prefeito Eduardo Paes o “Troféu Remoção", um tijolo, com uma armação em metal com pedras de cimento. “O Troféu Remoção simboliza as alterações que o prefeito tem feito na nossa cidade, nos últimos anos, com a desculpa da Copa e das Olimpíadas”, explica Clara Silveira. “Milhares de famílias estão sendo expulsas de suas casas, pela prefeitura, de forma truculenta, e estão indo para muito longe de onde moravam, em áreas sem a menor infraestrutura, e muitas sequer conseguiram ser indenizadas”, acrescenta.

De acordo com integrantes do comitê, as comunidades de Vila Recreio 2, Restinga e Vila Harmonia foram removidas para a passagem do BRT Transoeste, e as comunidades de Campinho e Domingos Lopes, para a construção do BRT Transcarioca. “A gente acredita que não seja por conta das olimpíadas, já que os BRTs poderiam fazer outros traçados, sem destruir as comunidades”, observa a advogada.

De acordo com o jornalista Renato Cosentino, 30 mil pessoas vão ser retiradas de suas casas no Rio. “Cinco comunidades já foram completamente removidas, e 24 estão ameaçadas de remoção”, afirma ele. De acordo com Cosentino, a Vila Autódromo seria removida para dar lugar ao Parque Olímpico.
Ainda segundo o jornalista, o escritório britânico de arquitetura que ganhou a concorrência para construir o parque, o Aecom, prevê, no projeto, a manutenção da comunidade. “Então, a prefeitura arranjou outro argumento, afirmando que uma curva do BRT Transcarioca teria que passar por cima da Vila Autódromo. Mas um vídeo oficial, da própria prefeitura, mostra que não é necessária essa curva, e que ela depois volta ao traçado reto do BRT”, conclui Consentino.

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