quinta-feira, 23 de agosto de 2012

NOTAS SOBRE O DESPEJO NO DF


Na última quarta-feira, 22 de agosto, o Distrito Federal sofreu mais uma truculenta ação de despejo e destruição de casas. A ocorrência cada vez mais constante é um atentando contra o direito das famílias. É de longa data que o MTST vem denunciando essa prática abusiva e autoritária do governo de acabar com as casas das pessoas sem qualquer tipo de defesa. Talvez por isso o “Comitê de Combate ao Uso Irregular do Solo”, dirigido pela Secretaria de Ordem Pública e Social – SEOPS e pela Agência de Fiscalização do DF - AGEFIS, derruba as casas e as associa ao MTST.

Afirmamos que a ocupação em frente ao Monjolo não é do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, portanto não tem razão alguma para o governo (que sabe bem quais são nossas negociações em curso no DF) divulgue em seu sítio eletrônico tal mentira.

Esperamos que tal fato não seja utilizado como justificativa para o GDF trair os trabalhadores organizados pelo MTST e romper o acordo do Acampamento Novo Pinheirinho ou do Nova Planaltina.

Historicamente no DF as famílias ou acabam enganadas por grileiros, contra quem também lutamos, ou se iludem com promessas e listas do governo que garantem sempre o interesse da especulação imobiliária. Marcamos a solidariedade do Movimento com todos os trabalhadores e todas as trabalhadoras que decidem parar de esperar e de ser enganadas e partem para a luta por sua moradia!

Exigimos uma retratação no sítio eletrônico da SEOPS.

MTST, A Luta é Pra Valer!

Matérias:

http://www.seops.df.gov.br/

http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2012/08/gdf-derruba-99-casas-em-operacao- contra-uso-irregular-do-solo.html

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2012/08/22/interna_cidadesdf,318643/quase-100-barracos-erguidos-pelo-mtst-em-area-publica-no-gama- sao-removidos.shtml

Sem-teto: ocupação no Rio cobra confirmação de contrato pela CEF



Representantes da ocupação Manoel Congo, localizada no centro do Rio de Janeiro, e do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) iniciaram, em Brasília, uma peregrinação entre a Caixa Econômica Federal e o Ministério das Cidades para a confirmação do projeto que transforma o prédio vizinho à Câmara dos Vereadores, na Cinelândia, em moradia legal e cidadã, com direito a espaço coletivo de cultura e renda, restaurante e casa de espetáculos.

Rio de Janeiro - Representantes da ocupação Manoel Congo, localizada no Centro do Rio de Janeiro, e do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) iniciaram na terça-feira (21), em Brasília, uma peregrinação entre a Caixa Econômica Federal (CEF) e o ministério das Cidades para a confirmação do projeto já em andamento que transforma o prédio vizinho à Câmara dos Vereadores, na Cinelândia, em moradia legal e cidadã, com direito a espaço coletivo de cultura e renda, restaurante e casa de espetáculos.

“Estamos nos propondo a ficar em Brasília até quinta-feira à noite. Vamos debater a questão com o ministério das Cidades e a presidência da CEF”, diz a coordenadora da ocupação, Lourdinha Lopes. A sirene de alerta soou na reunião do Conselho Nacional das Cidades, do qual Lourdinha faz parte, quando, após perguntar sobre o projeto, recebeu a informação extraoficial de um representante do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) de que o contrato tinha terminado no dia 30 de junho e a CEF não renovaria.

“A Caixa aprontou uma conosco. Estamos desde 2008 lutando pela execução de um contrato do FNHIS para compra e reforma desse imóvel. É um contrato entre governo do Estado e ministério das Cidades, o agente operador é a CEF. Todas as etapas que apareceram no contrato nós cumprimos”, diz Lourdinha.

“Quando soubemos dessa informação de que o contrato estava extinto, fomos atrás da Companhia Estadual de Habitação (Cehab) para ela nos informar se ela tinha enviado as exigências que a CEF tinha pedido. A Cehab nos informou que havia enviado, nos mandou cópia, nós entregamos ao ministério e continuamos cobrando dele uma posição. Aí o ministério nos avisou que a CEF poderia ter prorrogado o contrato de ofício, que não precisaria de autorização do ministério. A CEF alega que a Cehab só mandou as exigências em julho”, completa ela.

Rosângela Sampaio, gerente de negócios da CEF, diz que a Cehab entregou as exigências em 31 de julho. “Em março comunicamos que estávamos prorrogando o contrato em caráter excepcional até 30 de junho e que nova prorrogação só seria atendida com a entrega das pendências. Em 30 de junho a data vigente expirou. Essa documentação nem foi analisada por nós. Eles entregaram o Plano de Trabalho e a Declaração de Contrapartida, que era o que a gente estava pedindo, mas a área técnica não analisou ainda essa documentação porque o contrato está extinto”, afirma ela.

Segundo a representante da CEF, “depois de um contrato com o prazo de vigência expirado não se pode fazer mais nada. Temos outras opções. Temos o Minha Casa, Minha Vida, temos nova seleção para fazer um mesmo contrato”. 

Maratona
A alternativa “outras opções” é tudo o que as 125 pessoas das 42 famílias distribuídas nos 10 andares do edifício da rua Alcindo Guanabara não querem. Assemelha-se ao corredor que a poucos metros de cruzar a faixa de chegada é informado que deve repetir as provas classificatórias.

“Toda vez que o contrato tem alguma dificuldade ele é prorrogado, como vários contratos da CEF”, diz Lourdinha, que não se cansa de lembrar todo o caminho percorrido até aqui. “É um contrato de repasse de recursos para a execução da política nacional de habitação. No nosso caso nós já havíamos ocupado o imóvel e apresentamos uma demanda ao governo do Estado, que apresentou ao Conselho Nacional de Habitação uma demanda de recursos para ressarcir o INSS pelo valor do imóvel e para reformá-lo. Esse recurso chega com uma contrapartida de 20% do estado”, explica.

Feito o contrato, a ocupação, representada pelo Estado através da Cehab, foi enquadrada no programa PAC-FNHIS. “Esses recursos eram do exercício de 2008. Só que tantas as burocracias, tantas exigências de projetos, que não são as mesmas que eles fazem para as empreiteiras, fizeram os anos irem passando. Conseguimos a compra do imóvel pelo governo estadual e temos tudo pronto: projeto executivo, orçamento, detalhamento, declaração de Contrapartida do estado, tudo pronto”, diz, antes de relatar a “ducha de água fria” da CEF.

“E aí a CEF dizer que o projeto não pode ser executado porque tem vinte dias que o contrato está expirado nós não podemos aceitar! E o governo do Estado, em 30 de maio, mandou um ofício para a CEF pedindo que se prorrogasse o contrato porque eles estavam concluindo as exigências. A CEF não respondeu o ofício. E a Cehab mandou as pendências em julho, acreditando que o ofício tinha sido atendido”.

A coordenadora da ocupação acrescenta que “a CEF não oficializou o Estado, nem a nós, nem a ninguém que o contrato estava sendo extinto. Hoje (segunda-feira), com a nossa ida à CEF, é que ela fez o ofício com a data de hoje (segunda-feira) para a Cehab dizendo que o contrato está extinto”.

Segundo Lourdinha, “a CEF ‘extinguiu de boca’ um contrato e bancou isso. É porque a pressão da especulação imobiliária sobre esses setores do poder público é forte, e eles se submetem. Nós moramos no Centro. Essa ocupação é central, ela questiona a destinação de todos os imóveis públicos abandonados nesse país. Então eles não querem se submeter a esse tipo de questionamento, eles querem anular isso e sempre procuraram todas ‘deixas’ para isso”.

Condomínio
Caso o contrato realmente seja extinto o imóvel volta a ser um sinal de interrogação na revitalização do Centro da cidade. E uma rápida visita ao local mostra que o mais lógico é o seguimento do contrato que tinha as obras de revitalização previstas para começarem em outubro e serem entregues em 11 meses. A construção do espaço coletivo e da casa de shows está sob patrocínio de R$ 980 mil da Petrobras após seleção pública. O projeto arquitetônico dos novos apartamentos foi feito pelo Núcleo de Pesquisa e Planejamento Urbano, ONG contratada em licitação do Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro (Iperj) com recursos do ministério das Cidades.

Apesar da fachada do edifício estar desgastada, o interior é limpo e organizado. Os dois primeiros andares são portaria, administração, sala de reuniões e de reforço escolar para as 17 crianças da ocupação. O morador mais velho tem 74 anos, e a maioria dos habitantes é composta de jovens mães chefes de família, que dividiram as antigas salas comerciais dos oito andares restantes em dormitórios familiares privativos.

Nesses cinco anos readaptaram as dependências abandonadas do prédio em uma estrutura com um banheiro com chuveiro, uma pia de lavar louça e uma lavanderia por andar. Aliado à proteção de sol e chuva, o principal ganho de cidadania da ocupação está da porta da rua para fora, já que com o contrato em andamento seus moradores puderam comprovar endereço residencial e concorrer a empregos formais. Hoje muitos dos residentes têm carteira de trabalho assinada como diaristas, manicures e cozinheiras.



Fotos: Rodrigo Otávio 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Documentário conta história da Ocupação 20 de Novembro


As famílias da Ocupação 20 de Novembro e o Movimento Nacional de Luta pela Moradia convidam para o lançamento, nesta quinta-feira (16), às 19 horas, do documentário “A Copa dos 20 de Novembro”. Dirigido por Giancarla Brunetto e Mauro Souza, o filme reconstitui a trajetória e a mobilização dos integrantes da Ocupação 20 de Novembro, em Porto Alegre. Segundo seus realizadores e protagonistas, o documentário apresenta o paradoxo de uma cidade que se prepara para sediar o maior evento internacional de futebol, a Copa do Mundo, sem estar preparada para acolher com dignidade seus cidadãos.

Nesta semana, as famílias da ocupação 20 de novembro estarão sendo removidas definitivamente da área ao lado do estádio Beira-Rio para viabilizar obras da Copa de 2014. O lançamento do documentário, que ocorrerá na Avenida Padre Cacique, 1345, também marcará essa data, contando um pouco da história das famílias que viveram nesta área nos últimos cinco anos.
O documentário é uma realização do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Ocupação 20 de Novembro, Cooperativa 20 de Novembro e Liga de Direitos Humanos, e conta com o apoio da Faculdade de Educação da UFRGS, Câmara Municipal de Porto Alegre, Sintrajufe, CTB, Fecosul, Recid e Itinerante.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Primeiras mudanças das famílias da Ocupação 20 de Novembro

As fotos foram tiradas na manhã do dia 13 de agosto de 2012 enquanto algumas famílias que viviam na Ocupação 20 de Novembro em Porto Alegre faziam suas mudanças para suas novas moradias.

A atenção na geração de renda nos novos locais de morada, o fortalecimento da COOP20, já amadurecido no movimento, e a luta por moradia definitiva para outras famílias continuam fazendo parte do processo de luta pelo direito à cidade.


















Fotos: Lucimar F Siqueira (AGB-Porto Alegre)

http://reformaurbanars.blogspot.com.br/2012/08/primeiras-mudancas-das-familias-da.html

Ermínia Maricato - Nossas cidades estão ficando inviáveis

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Por Gilberto Maringoni- de São Paulo
Ermínia Maricato exibe espanto e indignação com os rumos de nossas políticas urbanas, seu objeto de estudo e área de atuação há quatro décadas. “Para mim, o centro de tudo é a questão da justiça social”, diz ela. Ou seja, de como as metrópoles brasileiras precisam deixar de ser expressão da secular discriminação contra os mais pobres.
Ermínia Maricato, uma das mais importantes urbanistas brasileiras, concedeu a seguinte entrevista à Desafios do Desenvolvimento, em sua casa em São Paulo.

Desenvolvimento - A senhora tem dito em diversas oportunidades que as cidades brasileiras tornaram-se inviáveis. Por quê?

Ermínia - Porque uma parte da população não cabe mais na cidade. E não é uma parte pequena. Tem a ver com uma trombada entre a população pobre e as áreas ambientalmente frágeis. Eu tinha a esperança de que o Ministério das Cidades inauguraria uma nova fase da cultura sobre o desenvolvimento urbano no Brasil, lançando uma idéia um pouco mais elaborada de planejamento e gestão, rompendo essa caminhada atual rumo ao abismo. Eu sabia que não seria uma tarefa fácil.

Desenvolvimento - A senhora acredita não haver solução?

Ermínia - Penso que neste momento a política urbana saiu da agenda nacional. Ou construímos um espaço de debate e mobilização na sociedade civil independente do Estado, pois o Estado tem um poder de cooptação muito grande, ou o caos se tornará dominante.

Desenvolvimento - A senhora propõe uma política alternativa, criando ONGs e organizações desse tipo?

Ermínia - Não. Proponho construir uma correlação de forças diferente da atual, a partir da sociedade civil.

Desenvolvimento - Como se desenvolveu o movimento de reforma urbana nas últimas décadas?

Ermínia - Ele foi muito importante e é admirado por muita gente no exterior. Eles se perguntam como o Brasil conseguiu unificar pesquisadores, lideranças profissionais, comunitárias e sindicais para uma proposta de reforma urbana, que vem desde antes de 1964. Havia uma agenda que foi materializada na prática de várias prefeituras nos anos 1980 e 1990, centrada na reversão de prioridades, de se fazer algum tipo de justiça urbana. O Ministério das Cidades deveria ser um ponto de chegada desse movimento. Muitos de seus integrantes se tornaram prefeitos e deputados. Tínhamos uma comissão forte no Congresso Nacional. Conquistamos muitas vitórias institucionais, como dois capítulos na Constituição de 1988 e a elaboração do Estatuto da Cidade, uma lei que o mundo inteiro admirou. O que acontece na passagem de Fernando Henrique e Lula? O Ministério foi criado, eu fui para a equipe de transição. Em seguida foram definidos o Conselho das Cidades e as Conferências Nacionais das Cidades, com uma prática inovadora, que alcançava até a política de saneamento.
Perfil
Professora titular aposentada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), Ermínia foi Secretária Executiva do Ministério das Cidades, entre 2002 e 2005. Lá foi coordenadora técnica da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano. Trazia na bagagem a experiência de ter comandado a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano do município de São Paulo, entre 1989 e 2002, no governo Luíza Erundina. Foi também autora de todas as propostas para a área urbana das candidaturas de Lula a presidência, entre 1989 e 2002. Mais recentemente, exerceu o cargo de conselheira do Habitat, programa das Nações Unidas para assentamentos humanos.
Natural de Santa Ernestina, cidadezinha próxima a Araraquara, ela chegou a estudar Química Industrial no segundo grau e a iniciar a Faculdade de Física, na USP. “Eu tinha uma cabeça boa para matemática”, conta ela, acostumada a lidar com números e indicadores durante toda a vida. “Decidi prestar vestibular na FAU. Entrei em 1967, em plena ebulição estudantil nos tempos da ditadura”. Ali sua atenção se voltou para o planejamento urbano. “Mas hoje ando muito apaixonada pela agronomia, fazendo experiências de plantar frutas raras da mata atlântica, junto com profissionais de diversas origens que tentam recuperar uma gleba na região”. Com uma ponta de indignação, confessa: “Acho que as cidades estão ficando sem perspectivas de solução de seus problemas”.
Desenvolvimento - Quais as dificuldades para se aplicar uma política de planejamento urbano em nosso País?

Ermínia - A falta de planejamento está ligada a uma questão estrutural que é a concentração fundiária. Você tem um mercado imobiliário que, antes do Minha Casa Minha Vida, atendia menos de 20% da população brasileira. A grande maioria – incluindo a classe média – não era atendida, pois um policial, um professor secundário, um bancário não tinham acesso a ele. Há um mercado restrito e de luxo, que não atinge nem a classe média. O problema é próprio do capitalismo periférico. Com o Minha Casa Minha Vida, o mercado está chegando à classe média. Mas o grande déficit está na faixa de zero a três salários mínimos. A maioria da população excluída dos mercados e das políticas públicas, pois desde 1983 não há política nacional de habitação pública.

Desenvolvimento - Por favor, explique melhor.

Ermínia - São mais de vinte anos sem política pública de habitação, saneamento e transporte. Isso passa pelo neoliberalismo e pela década perdida. São políticas ligadas ao território. Não estou falando de distribuição de renda. Distribuição de renda não basta para resolver o problema urbano. Aqui tem de distribuir ativo, que é cidade, é terra urbanizada. A questão da terra é central na política urbana, pois ela é dominada por esse mercado restrito, elitista e especulativo. O povo acaba tendo de se virar.

Desenvolvimento - Como isso se articula com o problema fundiário?

Ermínia - A questão fundiária é muito séria. Se pegarmos o Censo de 2010, veremos que a área de São Paulo onde a ocupação mais aumentou é a de proteção dos mananciais. Temos aqui duas cidades. Uma é a cidade do mercado e a outra é aquela construída pela população pobre. Em 2010, o preço dos terrenos se elevou em 50% e o de imóveis usados em 30%. Depois do anúncio do programa Minha Casa Minha Vida, tivemos um impacto bárbaro sobre os preços da terra e dos imóveis. Por que? Porque houve a entrada de recursos financeiros sem mudança na base fundiária. Isso acarreta um ganho para o preço dos imóveis. A nossa questão central, a questão fundiária urbana e a função social da propriedade se esfumaram. Eu estou estudando a história da propriedade no Brasil. É impressionante. É fraude atrás de fraude.

Desenvolvimento - O programa Minha Casa Minha Vida não é um avanço diante do déficit de moradias existente no Brasil?

Ermínia - Poderia ser, mas não é. O problema é que a base fundiária permanece a mesma. Lei nós temos, plano nós temos, mas não aplicamos a função social da propriedade. O que aconteceu na ditadura, na época do Banco Nacional da Habitação (BNH)? As fontes de financiamento eram o FGTS e o SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), que é basicamente poupança privada e poupança dos trabalhadores. O governo colocou um subsídio para baixa renda, de recurso orçamentário federal. Mas se ninguém nos três níveis de governo – federal, estadual e municipal - mexeu na base fundiária. Aí houve uma maior desorganização no mercado de terras, com um impacto bárbaro sobre os preços.

Desenvolvimento - O que é mexer na base fundiária?
Foto: Raoni Maddalena
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O automóvel reina soberano
e as empreiteiras propõem
aos prefeitos obras possíveis
de serem concluídas em
quatro anos
Ermínia - Trata-se de fazer uma regulação do uso e da ocupação do solo por parte do Estado. Para fazer isso, o Estado tem de regular também o mercado. Quer um exemplo? Existem quase dois milhões de pessoas na área dos mananciais na zona sul de São Paulo. Se não quisessem essas pessoas lá, teria de haver fiscalização. Quando se faz isso, para onde essas pessoas vão se não se permite que elas se instalem lá? Há um doutorado da professora Angela Maria Gordilho Souza, da Universidade Federal da Bahia, mostrando que em Salvador 33% das habitações são ilegais. Há um mestrado de Carlos Fernando Andrade, ex-presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil - Rio de Janeiro (IAB-RJ), mostrando que 50% dos domicílios da cidade são ilegais. Uma coisa é a questão jurídica. Outra é a fragilidade da construção. São casas em encostas, fundos de vale e em situação de risco. Uma parte considerável das cidades brasileiras continua a ser produzida dessa forma. Quando a gente vê as tragédias depois das chuvas, aparecem aqueles âncoras dos telejornais a repetir que falta planejamento e prevenção. Ora, o que falta é quebrar essa relação de poder que coloca as terras adequadas na mão de um mercado restrito.

Desenvolvimento - Estamos vivendo uma bolha especulativa nos preços dos imóveis?

Ermínia - Se você olhar para trás, para a década de 1970, houve isso também. Foi uma produção muito grande de moradias, com bastante crédito. E lá também não se mexeu na base fundiária. Nessa época mudou o perfil da cidade com um produto chamado apartamento. Depois tivemos a queda dos anos 1980, com a crise, e na década seguinte, com o neoliberalismo.

Desenvolvimento - Não é um problema recente...

Ermínia - Trata-se de uma questão estrutural: uma parte da cidade é feita ilegalmente, pelas mãos dos moradores. Para que? Para manter o mercado como ele é. Para manter a propriedade imobiliária como ela é e para manter a sociedade patrimonialista. Toda a população de zero a três salários está fora dessa cidade. Não foi só a demanda por moradia que aumentou nos últimos anos. Aumentou a demanda, mas não se mexeu na base fundiária. Mudar essa situação é o centro da proposta de reforma urbana, sistematizada desde 1963 no Congresso Nacional de Arquitetos.

Desenvolvimento - O que reforma urbana tem a ver com reforma agrária?
Foto: Raoni Maddalena
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Ermínia - Tem muito a ver. O problema da terra se manifesta no campo e na cidade. É algo que vem desde 1850, da Lei de Terras. A história da propriedade fundiária no Brasil está ligada às relações de poder. Não existe solução sem reforma fundiária. Com isso tudo, eu chego na reforma política. Se continuarmos tendo o financiamento de campanha como é hoje, com eleição sendo trocada por obra, teremos apenas projetos que caibam em quatro anos. As coisas mais importantes nas cidades não se resolvem nesse período.

Desenvolvimento - Como isso acontece?

Ermínia - O que mais tem no Congresso é emenda parlamentar para asfaltar ruas. Verifiquei, num determinado ano, que metade das emendas eram de asfaltamentos. Imagine um deputado federal se preocupar com isso... Essa demanda não é feita apenas para se conseguir voto, para fazer um agradinho em um bairro, construir uma praça ou asfaltar uma via. Eu pensava assim, até um deputado federal me contar que não era nada disso. A lógica é o financiamento de campanha articulado com obras futuras e não o clientelismo.

Desenvolvimento - Quais foram os maiores progressos na política urbana após a democratização, em 1985?

Ermínia - Nós tivemos um grande avanço, que foi o Estatuto da Cidade, sancionado em 2001, que limita o direito de propriedade individual. Foi aprovada a Lei dos Consórcios Públicos, em 2005, possibilitando uma articulação entre entidades públicas, algo muito importante numa região metropolitana, para se resolver problemas de saneamento, de lixo, de transportes etc. Depois foi aprovada a Lei do Saneamento Básico, em 2007. O saneamento ficou no limbo durante todo o período em que o neoliberalismo dominou a política brasileira. Tivemos um número muito grande de conquistas institucionais. E o que aconteceu com a agenda política depois de Fernando Henrique? Lula introduziu a questão distributiva. Caiu a indigência, o subproletariado ganhou espaço, como bem o Ipea aponta. E a oposição ficou sem espaço. Não tem como voltar atrás. A agenda nacional mudou. A política ambiental entrou na agenda, mas a política urbana não.

Desenvolvimento - E por que a política urbana saiu da agenda?

Ermínia - Essa é uma questão boa para nós refletirmos. Não sei se é porque os interesses são tão fortes... Veja por exemplo: não existe Câmara Municipal desvinculada dos interesses dos proprietários imobiliários em nenhum município do Brasil. Dá para contar nos dedos o número de Executivos municipais que contrariem interesses imobiliários e das empreiteiras.

Desenvolvimento - Que interesses imobiliários são esses nas cidades?

Ermínia - As grandes empreiteiras controlam praticamente os investimentos urbanos dentro da lógica do rodoviarismo. O automóvel reina soberano e as empreiteiras propõem aos prefeitos as obras possíveis de serem concluídas em quatro anos. Argumentam que elas irão atrás do financiamento – e isso está ligado ao financiamento de campanha. Aí você tem uma prioridade às obras viárias nos orçamentos municipais no Brasil todo. Mas há algo espantoso. Em dez metrópoles eu tenho um indicador mostrando que 38% das viagens são feitas a pé. Isso significa que muitas pessoas não saem do bairro da periferia. É o chamado exílio da periferia. Em Salvador, segundo o Ubiratan dos Santos, presidente do Sindicato dos Engenheiros, apenas 8% da população anda de automóvel. Vá ver em Salvador o que se gasta em abertura de avenidas, asfaltamento etc. São obras vinculadas ao mercado de imóveis. O [arquiteto e urbanista] Candido Malta chama essas vias de avenidas imobiliárias. Não são rodoviárias. Elas abrem fronteiras da especulação. Há uma lógica que junta o automóvel, a infraestrutura urbana baseada no rodoviarismo e na especulação imobiliária, e o financiamento de campanha. São três forças que intervêm na política urbana e nos levam para o caos completo.

Desenvolvimento - A senhora inclui o automóvel nessa situação?

Ermínia - Claro. Nunca as cidades brasileiras foram assaltadas pelo automóvel como nos últimos anos. A indústria automobilística passou de 13% do Produto Interno Bruto, em 1999, para 19,8% em 2009. Eles são responsáveis por 83% dos acidentes e por 76% da poluição. E muita gente reclama dos ônibus. O professor Paulo Saldiva [da Faculdade de Medicina da USP] lançou um livro recentemente sobre meio ambiente e saúde nas metrópoles. Ele mostra que os dias de pico em poluição são dias de pico de mortes motivadas por doenças coronárias. Não se trata apenas da questão respiratória. Falei de esgoto, das águas e chegamos ao ar. Segundo uma pesquisa da FGV, o trânsito congestionado pode custar 10% do PIB de uma metrópole. São horas paradas não computadas. Durante a crise de 2008-10, de acordo com a Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), a indústria automobilística recebeu subsídio de R$ 12,4 bilhões e investiu no País apenas R$ 3,6 bilhões. Para os urbanistas, o automóvel é o maior fator de desorganização do território. Ele induz a ocupação espraiada do solo e destrói a cidade.

Desenvolvimento - Qual a importância do Ministério das Cidades?

Ermínia - Hoje, do ponto de vista clientelista, ele é muito importante. Ele foi entregue ao Partido Popular (PP). O Ministério se tornou uma reunião de obras em áreas como saneamento e habitação, com poucas iniciativas na área de transporte. A agenda do transporte urbano não foi considerada no governo Lula e não está sendo considerada agora. O governo federal é responsável por diretrizes e financiamento de obras e os governos estaduais e municipais são responsáveis pelo uso e ocupação do solo. A questão metropolitana está no limbo completo. Hoje não temos nenhuma região metropolitana com uma esfera administrativa comum, onde os prefeitos, as câmaras, os técnicos, enfim, possam se reunir. Numa metrópole, o problema do saneamento, do lixo, da habitação e do transporte não pode ser resolvido em nível municipal. Nós estávamos traçando uma formulação nacional de desenvolvimento urbano e uma política para as regiões metropolitanas.

Desenvolvimento - A senhora fala muito em ocupação desordenada do solo. Como isso se vincula aos problemas das enchentes?

Ermínia - Assistimos durante décadas os governos fazerem a água andar mais rápido, asfaltando, canalizando e impermeabilizando o solo. Quando as enchentes acontecem, o que você tem de fazer? Reter as águas. E aí, qual o modelito das empreiteiras? Antes era canalizar. Aquelas avenidas de fundo de vale, realizadas pelo ex-prefeito Prestes Maia, em São Paulo, representam uma impermeabilização exatamente das calhas de escoamento existentes. O [geólogo] Delmar Mattes diz num texto que se impermeabilizou o rio Tietê, para que ele corresse mais rápido. Em seguida, ocuparam as margens com asfalto, construindo avenidas marginais. Agora, a moda é o piscinão.

Desenvolvimento - Mas as prefeituras asfaltam bairros que estavam sem calçamento. Quando chovia, as pessoas ficavam literalmente na lama. É uma reivindicação também da população, não acha?

Ermínia - Sim. Mas isso não precisa ser feito como é atualmente. Você pode ter ao lado do rio a céu aberto, uma área impermeável para as pessoas caminharem. Precisamos ter áreas permeáveis, verdes.

Desenvolvimento - No caso das avenidas, não é importante ampliá-las para melhorar o tráfego nas grandes cidades?

Ermínia - A duplicação da Marginal Tietê, em São Paulo, foi feita agora. Isso não aumenta a velocidade do tráfego. Com 600 mil automóveis colocados anualmente nas ruas do país, não há solução se a lógica do transporte individual for mantida. É preciso priorizar o transporte coletivo e dificultar o acesso ao carro.

Desenvolvimento - Mas como fazer as pessoas não quererem o automóvel? Ele acaba sendo um dos sinais da melhoria de renda da população.

Ermínia - Sim, há um problema político a ser resolvido. Mas se pensarmos que não se pode contrariar essa cultura do automóvel, se um político achar que se fizer isso não se reelege, então não há o que se fazer. A lógica é essa mesma. Se os governantes quiserem apostar na indústria automobilística, não tem jeito. E a indústria automobilística está afundando as cidades. É uma escolha política. A única forma de contrariar isso é termos uma sociedade civil mais informada. Quantas pessoas não falam “eu pegaria o transporte coletivo se fosse melhor”?

Desenvolvimento - Como a senhora vê as mudanças na área rural?

Ermínia - Não sei se o maior problema para as cidades não está no fato de o Brasil ser o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. As cidades produzem esgotos de 66 milhões de pessoas, jogando nos rios. Elas distribuem pelo território brasileiro. E o território rural distribui para as cidades. Segundo o João Pedro Stédile, nós temos setecentos pilotos formados para pulverizar veneno nas plantações. O cálculo que ele faz destina cerca de cinco quilos anuais de agrotóxico por pessoa. Estamos poluindo as águas, sujando os ares e envenenando as cidades. Há uma novidade que um grupo de Campinas está divulgando. A maior parte da água potável que consumimos apresenta conteúdo de fármacos depressivos e hormônios que a purificação não resolve. Quando digo que a situação é de tragédia, não estou exagerando... A questão ambiental aparece em tudo o que falamos. A questão da permeabilização, do automóvel, da pulverização. Tudo o que conversamos nos leva a um muro que é a questão ambiental.
Foto: Raoni Maddalena
Se pensarmos que não se
pode contrariar essa cultura
do automóvel, se um político
achar que se fizer isso não
se reelege, então não há
o que se fazer
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Desenvolvimento - Que cidade brasileira tem um bom planejamento?

Ermínia - Eu acompanhei o desenvolvimento de muitas e ainda tenho um certo respeito por Diadema. Por que? Diadema teria o destino da Baixada Fluminense. Seria uma cloaca. Ela chegou a ter indicadores de violência altíssimos e reverteu essa situação. Na última vez que estive lá, ouvi do prefeito a seguinte frase: “Nós não queremos a mudança do perfil da população”. Acho que é o único prefeito do Brasil que não quer substituir pobre por rico. Um prefeito não pode combater o automóvel, não está nas mãos dele. Mas ele pode incentivar o transporte público. Mesmo para o processo de expansão imobiliária, um prefeito tem restrições. Há uma ameaça constante por parte dos empresários da construção civil, que alegam que tal ou qual prefeito liberou o gabarito para a construção de todo tipo de obras. “Então nós vamos para lá”, dizem. E chantageiam os prefeitos.


Sem uma política fundiária e imobiliária não haverá justiça urbana

“Terra urbana é terra urbanizada, isto é, trata-se de um pedaço de superfície ou mesmo de um imóvel servido de água, esgoto, rede de drenagem, pavimentação, iluminação pública, serviços como coleta de lixo e manutenção da infra-estrutura citada, sinalização, equipamentos coletivos públicos e privados nas proximidades. Enfim, estamos falando de um pedaço de cidade ou uma parte do ambinete construído como preferem alguns estudiosos. A localização desse pedaço de cidade é fundamental para qualificá-lo e fixar seu preço em comparação com os demais. A condição jurídica de ser propriedade privada permite ao seu possuidor captar a valorização decorrente, principalmente das vantagens de localização. A cidade é um ativo disputado por todos, mas que beneficia poucos. O patrimonio já construído foi bancado por toda a coletividade especialmente por meio de investimentos públicos e o direito à cidade, melhor dizendo, a justiça social e territorial exige a distribuição desse ativo, mas ele é dominado pelo mercado imobiliário. Essa característica de “ativo” que tem o ambiente urbano construído é que os economistas não enxergam. Não basta distribuir renda para assegurar a justiça urbana. É preciso distribuir melhor a cidade ou o ambiente construído. Sem uma política fundiária e imobiliária que ajude a incluir as classes deprimidas e implementar a função social da propriedade prevista no Estatuto da Cidade não haverá justiça urbana. A terra (com esse conceito) é o nó da questão urbana e rural num país patrimonialista como o nosso. No capitalismo central o direito de propriedade já foi bem limitado para assegurar um padrão urbano mais distributivo, especialmente durante o wefare state. Mas no Brasil o patrimonio é poder social, político e econômico. Como a proximidade dos pobres desvaloriza as propriedades há uma rejeição atávica que alimenta preconceitos. Os pobres, (90% do déficit habitacional está situado entre zero e três salários mínimos) não cabem na cidade periférica que não controla o uso do solo, o mercado imobiliário e a especulação decorrente da valorização fundiária e imobiliária”.
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Ermínia Maricato
Desenvolvimento - Que cidades do terceiro mundo, com condições semelhantes às do Brasil, tem uma situação aceitável no que toca ao planejamento?

Ermínia - Bogotá, na Colombia, é puro marketing. Mas o corredor de ônibus, o Transmilênio, é uma solução boa, mas limitada. É como Curitiba, que tem um planejamento ao mesmo tempo modernizante e excludente. Há aquela miséria em volta. O planejamento ali sempre foi ligado a uma elite ligada ao capital imobiliário. Eu não vi nada no terceiro mundo, nem na Ásia, na África e na América Latina... Nós tivemos um período de ouro, na década de 1980, com a emergência das chamadas prefeituras democrático-populares, com orçamento participativo, em uma época muito importante, de fim de ditadura. Nós desenvolvemos um conhecimento de urbanização de favelas. Aliás, nesse ponto, o PAC tem uma vantagem muito grande sobre o Minha Casa Minha Vida, que é a prioridade para a urbanização de favelas. Isso conseguiu resolver as deficiências de muitos bairros pelo Brasil, pois dá ótimas condições de vida. Se as cidades não crescessem de forma predatória, seria possível combinar a construção de moradias à urbanização de favelas. Ou seja, partir da cidade existente, que precisa ser recuperada, e melhorar a situação de infraestrutura, de saneamento, da água, do esgoto, do transporte, da iluminação e por aí vai. O PAC tem uma grande qualidade na área de habitação.

Desenvolvimento - A senhora é pessimista com o futuro das cidades?

Ermínia - Sou realista. Eu sempre fui extremamente crítica. Depois de trabalhar por quarenta anos, examinando e formulando propostas nas quais eu acreditava, hoje acho que estamos regredindo e que a correlação de forças – que colocou o agronegócio com essa força toda no Congresso e no governo federal – é negativa para quem quer essas mudanças. Há uma exigência de que sejamos otimistas e o que eu falo é pesado. Nós temos propostas que já foram feitas. Podemos repetir: universalização do saneamento, resolução da questão da reforma fundiária, com a aplicação da função social da propriedade, prioridade para o transporte coletivo etc.... Nós passamos vários anos construindo uma agenda de reforma urbana. Se a reforma não acontece, minha função agora, na idade em que estou, com o conhecimento que tenho, é chutar o pau da barraca.

Ativistas protestam contra remoções para obras da Copa e das Olimpíadas


13/08/2012 17h46 - Atualizado em 13/08/2012 20h30


‘Tem uma série de violações aos direitos humanos’, diz manifestante.
Procurada pelo G1, a assessoria da prefeitura ainda não se posicionou.


13/08/2012 17h46 - Atualizado em 13/08/2012 20h30

Bernardo Tabak

Do G1 RJ

Protesto na chegada da bandeira olímpica ao Galeão (Foto: Bernardo Tabak/G1)Protesto na chegada da bandeira olímpica ao Galeão (Foto: Bernardo Tabak/G1)
Ativistas do Comitê Popular da Copa e da Olímpiadas protestam, na tarde desta segunda-feira (13), contra as remoções de famílias realizadas pela Prefeitura do Rio de Janeiro, por conta de obras de infraestrutura e de transportes, muitas delas preparatórias para a Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016.
Os manifestantes, que estão próximos à entrada do prédio da administração da Infraero, no Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, aguardavam a chegada do prefeito do Rio, Eduardo Paes, e do governador Sérgio Cabral, que trazem de Londres a bandeira olímpica.

O Comitê Popular é formado por representantes de diversos movimentos e organizações da sociedade civil, além de líderes de comunidades. De acordo com a advogada Clara Silveira, o comitê questiona os efeitos e o legado da Copa e das Olimpíadas. “Tem uma série de violações aos direitos humanos que está sendo cometida pela prefeitura, como a remoção de famílias em comunidades pobres, a perseguição aos trabalhadores informais pela Guarda Municipal e o recolhimento compulsório de moradores de rua”, afirma ela.

Em entrevista coletiva, o prefeito Eduardo Paes rebateu as críticas. “O único processo de reassentamento que tem a ver com as Olimpíadas é na Vila Autódromo, para a implantação do Parque Olímpico. Nenhuma outra (comunidade) tem a ver”, afirmou ele. Paes disse ainda que todas as famílias da Vila Autódromo vão ser reassentadas em um terreno nas proximidades da favela. “Ninguém vai tirar ninguém sem dar alternativas. As pessoas só vão sair com muita conversa e debate. Não tem uma cena de alguém sendo desrespeitado em seus direitos”, enfatizou.
Eduardo Paes afirmou que o protesto tem caráter político: “No Rio de Janeiro, tem sempre os encrenqueiros, os caras do contra, por isso a cidade ficou parada por muito tempo. Mais tarde, esses politiqueiros de plantão vão sumir, como sempre.”

Manifestantes querem entregar 'Troféu Remoção' ao prefeito
Os manifestantes prometem entregar ao prefeito Eduardo Paes o “Troféu Remoção", um tijolo, com uma armação em metal com pedras de cimento. “O Troféu Remoção simboliza as alterações que o prefeito tem feito na nossa cidade, nos últimos anos, com a desculpa da Copa e das Olimpíadas”, explica Clara Silveira. “Milhares de famílias estão sendo expulsas de suas casas, pela prefeitura, de forma truculenta, e estão indo para muito longe de onde moravam, em áreas sem a menor infraestrutura, e muitas sequer conseguiram ser indenizadas”, acrescenta.

De acordo com integrantes do comitê, as comunidades de Vila Recreio 2, Restinga e Vila Harmonia foram removidas para a passagem do BRT Transoeste, e as comunidades de Campinho e Domingos Lopes, para a construção do BRT Transcarioca. “A gente acredita que não seja por conta das olimpíadas, já que os BRTs poderiam fazer outros traçados, sem destruir as comunidades”, observa a advogada.

De acordo com o jornalista Renato Cosentino, 30 mil pessoas vão ser retiradas de suas casas no Rio. “Cinco comunidades já foram completamente removidas, e 24 estão ameaçadas de remoção”, afirma ele. De acordo com Cosentino, a Vila Autódromo seria removida para dar lugar ao Parque Olímpico.
Ainda segundo o jornalista, o escritório britânico de arquitetura que ganhou a concorrência para construir o parque, o Aecom, prevê, no projeto, a manutenção da comunidade. “Então, a prefeitura arranjou outro argumento, afirmando que uma curva do BRT Transcarioca teria que passar por cima da Vila Autódromo. Mas um vídeo oficial, da própria prefeitura, mostra que não é necessária essa curva, e que ela depois volta ao traçado reto do BRT”, conclui Consentino.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Vitória do movimento popular

Movimentos pressionam e Ministério das Cidades publica Portaria 190 que reconhece o protagonismo das entidades no programa MCMV Entidade

Clique na imagens para ver o conteúdo.


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http://reformaurbanars.blogspot.com.br/2012/08/vitoria-do-movimento-popular.html

Movimento de moradia ocupa prédio do Ministério das Cidades

Em 07/08/2012



MOVIMENTO DE MORADIA OCUPA O PRÉDIO DO MINISTÉRIO DAS CIDADES E COBRA INÍCIO DAS OBRAS DOS MUTIRÕES NO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA – ENTIDADES






Desde 2009 os movimentos de moradia de São Paulo cobram do Ministério das cidades a liberação de recursos para o início da construção de aproximadamente 4 mil moradias em regime de mutirão.

Os projetos já foram aprovados nas Prefeituras municipais e aguardam a publicação de uma Resolução que altera regras do programa, criando mecanismos mais ágeis de autorização para o início das obras. É um movimento contra a existência de regras internas da Caixa e do Ministério que criam obstáculos jurídicos a participação de movimentos sociais na produção da moradia.


Na jornada desta semana participam o Movimentos Sem Terra Leste 1, o Associação dos Trabalhadores Sem Teto da Zona Noroeste, o Movimento Habitação e Ação Social, A União dos Movimentos de Moradia da Zona Sul, Movimento de Moradia da Região Sudeste, o Grupo de articulação para moradia do Idoso, o Movimento de Moradia do Centro e a União de Lutas dos Cortiços, todos da cidade de São Paulo. Além disso, também participam a Central Pró Moradia Suzanense e a Associação dos Moradores do Jardim Miriam, da cidade de Suzano na região metropolitana de São Paulo, todos filiados à União dos Movimentos de Moradia e a Central de Movimentos Populares.

Os movimentos já se encontram acampados no hall de entrada do Ministério das Cidades e permanecerão nessa condição até a aceitação das reivindicações por parte do Ministro. As principais reivindicações são:

- Imediata contratação dos projetos habitacionais já aprovados nas Prefeituras Municipais;

- Destinação de terrenos públicos do governo federal para moradia popular;

- Desburocratização do programa Minha Casa Minha Vida Entidades;

- Outras compras que já estão prontas para serem realizadas e o Ministério não contribui em nada.



http://reformaurbanars.blogspot.com.br/2012/08/movimento-de-moradia-ocupa-predio-do.html

domingo, 5 de agosto de 2012

5ª Conferência Nacional das Cidades: cronograma e regimento



"Este espaço sempre cumpriu sua função social."



 (Lutadores Urbanos)

Ocupação 20 de Novembro - MNLM. Comunidade atingida pelas
obras do Estádio Beira Rio em Porto Alegre-RS. 
http://reformaurbanars.blogspot.com.br/2012/07/este-espaco-sempre-cumpriu-sua-funcao.html

Agual - Uma Vitória

Fonte: Informativo Agual/2012

Bairro Agual - Tramandaí

Agual - Uma Vitória

Desde 2010 vimos tentando uma Audiência Pública em Tramandaí para tratar da questão de um povo totalmente excluído da sociedade: a do Bairro Agual. Hoje, após várias tentativas sem ter alcançado quórum para a votação finalmente conseguimos os votos necessários, e tivemos a primeira vitória significativa em prol do Agual na Assembleia Legislativa de Porto Alegre, na sessão ordinária da Comissão dos Direitos Humanos. Tendo como proponente a Deputada Ana Affonso(PT/RS), obtivemos unanimidade na questão da importância da chamada de uma Audiência Pública, com onze deputados presentes. São Hum Mil e Seiscentas famílias vivendo de forma inumana, sem saneamento, sem luz, sem água, sem renda, sem perspectiva... que hoje podem ver uma luz no fundo de um túnel de adversidades... o colorido da esperança e a ameaça de um sorriso sincero de verdadeira alegria... São crianças com um futuro desigual, sem a menor oportunidade e melhoria de vida e de adquirir dignidade, pois um povo com fome e sem casa...bom, sabemos...são poucas as possibilidades de melhorias... é triste... Vemos velhos e jovens em uma mistura de alegria e tristeza, de uma bondade comovente e de uma malandragem cheia de ingenuidade disfarçada... Povo de garra, de vida abundante, calejado e maltratado, mas persistente em viver dignamente... Povo de valor incomensurável, de força inigualável... Que mesmo no sofrimento permanece de pé... Difícil de vencer e de acreditar... MERECEDOR...!!! Hoje tivemos uma vitória... a primeira de muitas... Não quero criar falsas esperanças, mas quero ser um canal de boas novas, de novos horizontes a serem descobertos, principalmente o de que somos todos pessoas...EU SOU PESSOA... EU ACREDITO que através da regularização fundiária a oportunidade será apresentada de forma simples e concreta a todo o cidadão que tiver ouvidos para ouvir. E QUERO FALAR BEM ALTO... QUE O DIREITO À CIDADE QUE A REFORMA URBANA NASÇA PRIMEIRAMENTE EM NOSSOS CORAÇÕES!!!! OBRIGADO A TODOS OS COADJUVANTES QUE PARTICIPAM DESTA VITÓRIA!!!

Do Blog Umidade Relativa

REALIZAÇÃO: MNLM - Movimento Nacional de Luta pela Moradia
APOIO: Associação a Voz do PovoAssociação

Associação Zona Nova Sul
Comunidade do Agual
ACOMPANHAMENTO: Drª Maria Aparecida Finger
INFORMATIVO AGUAL 2012
(PARQUE DOS PRESIDENTES)
TRAMANDAÍ/RS
O CAMINHO DA VITÓRIA
DE UM POVO GUERREIRO
AGUAL
A LUTA DE UM POVO EXCLUÍDO
DESPEJO?!
QUANDO MORAR É UM PRIVILÉGIO
OCUPAR É UM DIREITO





Conheça mais sobre a luta pela Reforma Urbana no litoral norte do Rio Grande do Sul no blog Umidade Relativa - Tramandai.


http://reformaurbanars.blogspot.com.br/2012/07/agual-uma-vitoria.html

Famílias despejadas em São José dos Pinhais-PR

Por União Por Moradia Paraná


Marizete dos Santos e mais oito famílias estão sem mordia em São José dos Pinhais - Paraná. Em ação hoje pela manhã, a Polícia Federal cumpriu mandado judicial de reintegração de posse, promovendo o despejo de nove famílias na Vila Zippin, elevando assim o número de sem teto no Município.



Veja fotos do despejo ocorrido na manhã do dia 1º de Agosto de 2012.





















http://forumsulreformaurbana.blogspot.com.br/2012/08/familias-despejadas-em-sao-jose-dos.html