terça-feira, 17 de abril de 2012

Famílias estariam sendo coagidas a deixar suas casas sem receber indenização

Moradores estariam sendo obrigados a deixar área onde será construído Corredor Ecológico do Mindu e denunciam que estão sendo obrigados a assinar documentos aceitando serem transferidos para o conjunto que fica na Zona Norte de Manaus, sem o pagamento de indenizações

    Residentes no Novo Aleixo e São José dos Campos, em casas erguidas às margens do Mindu, dizem que vêm sendo obrigados a assinar documentos aceitando transferência para conjunto Buritis, na Zona Norte
    Residentes no Novo Aleixo e São José dos Campos, em casas erguidas às margens do Mindu, dizem que vêm sendo obrigados a assinar documentos aceitando transferência para conjunto Buritis, na Zona Norte (Clóvis Miranda )
    Moradores dos bairros Novo Aleixo e São José dos Campos, que moram às margens do igarapé do Mindu, dizem  estar sendo coagidos a sair da área para que seja realizada a construção do Corredor Ecológico do Mindu.
    Eles denunciam que estão sendo obrigados a assinar documentos aceitando serem transferidos para o conjunto Buritis, que fica localizado na Zona Norte de Manaus, sem o pagamento de indenizações.
    “Foi o pessoal da Unidade Executora de Projetos da Seminf (UEP). Eles disseram que ou a gente saía  daqui ou eles passavam com o trator por cima das casas. Primeiro, eles queriam que a gente fosse para o conjunto Buritis. Deram a opção de ficarmos  num local ou em outro ou sermos indenizados se a gente arranjasse casas por aqui. Mas agora, eles disseram que a gente não tem nem direito à indenização. Ou saímos ou vamos para o aluguel. Eles dizem que pagam por três meses, mas depois fica por conta da gente.  Devido a essas ameaças que eles fizeram, nós fomos à Defensoria Pública”, disse a dona de casa Claudimara Gentil.
    Moradora da da rua Rio Branco, Claudimara contou que após terem denunciado o caso à Defensoria Pública, ela e a irmã passaram a ser ameaçadas de violência física.
    “Era um assistente social da parte deles, de nome César, que veio com ameaças. Ele fez a cabeça dos outros moradores que queriam bater na gente porque fizemos a denúncia na Defensoria. Na última reunião não fomos convidadas, mas fomos lá mesmo assim. Lá, disseram que ou a gente saía ou ficava esperando as máquinas”, informou Claudimara.
    REINTEGRAÇÃO
    Diante das denúncias, a  Defensoria Pública do Amazonas vai realizar amanhã, a partir das 9h, uma audiência pública sobre a reintegração de posse  dos moradores dos bairros Novo Aleixo e São José dos Campos.
    O defensor público Carlos Alberto Almeida Filho quer discutir a situação com todas as partes.
    “Está acontecendo um conflito de interesses. O  município  precisa cuidar do meio ambiente. A população  precisa de moradia, quer sair, mas tem direito de sair com dignidade. Por isso vamos realizar essa audiência pública para ouvir todas as partes e tentarmos uma medida extra-judicial, a fim de que todos os lados sejam beneficiados. A Defensoria não quer manter a população num local de risco, mas quer que a prefeitura garanta que receberão todos seus direitos”, disse o procurador.
    Seminf nega ameaças e ida para ZN
    Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) negou que  moradores dos bairros Novo Aleixo e São José dos Campos estejam sendo coagidos a aceitar a transferência para o conjunto Buritis. A assessoria alega que o conjunto residencial  Buritis I já foi totalmente entregue, no qual já habitam 603 famílias.
    O projeto do Buritis II tem previsão para ser entregue apenas em 2013, por isso não seria possível levar as famílias dos respectivos bairros para o residencial.
    A assessoria completa dizendo que os técnicos da UEP são, em sua maioria, assistentes sociais que orientam os moradores quanto aos prazos dos projetos. O programa de requalificação urbana, baseado na retirada de 3 mil famílias do entorno do igarapé do Mindu, visa a reurbanização e recuperação do corredor ecológico do igarapé, que é protegido por lei.
    Conforme a assessoria da Seminf, o  programa não trabalha com indenização, mas com reassentamento das famílias, que devem receber um valor bônus tendo em vista o valor avaliado de seu  imóvel.
    Saiba mais
    Título
    A costureira Marlene Gonçalves de Lima confirma a denuncia.“ É verdade.Eles quiseram que eu assinasse porque se não eles demoliam a minha casa.Eles nem queriam dar a indenização e queriam me dar uma casa só, para três familias”, reclamou.
    Marlene disse que a sua casa, hoje, está avaliada em pelo menos R$50 mil.“A gente entende que tem que desocupar a área.Mas, para o Buritis não.Lá as crianças não tem escola, não tem água,todo dia matam um”, disse a moradora da Rua Maçarico, São José dos Campos.

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