domingo, 25 de março de 2012

Fotos do Encontro Nacional de Reforma Urbana - 2012

Ato Público realizado no Pátio do Colégio pela Reforma Urbana. Um grupo representando os Movimentos Populares e outras entidades do Fórum Nacional de Reforma Urbana entregaram ao Tribunal de Justiça de São Paulo o relatório referente a 19 visitas realizadas em comunidades ameaçadas de desapropriação.  

A atividade fez parte do Encontro Nacional de Reforma Urbana "Desenvolvimento urbano com igualdade social"  ocorrido em São Paulo de 15 à 17 de março de 2012.

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LANÇAMENTO DO LIVRO "A liderança feminina nas lutas urbanas". Direito e Política no Caminho das Mulheres. 






OFICINA DE TRABALHO  "Conflitos Urbanos e Direito a cidade". 




Que fazer com os pobres no meio do caminho? Que fazer com os pobres no meio do caminho? Que fazer com os pobres no meio do caminho?

Sabará_ocupaçãoNo contexto de megaeventos no Brasil, bairros de periferia são cenário de cerco policial, repressão e especulação imobiliária. Em meio a isso, há uma grande demanda reprimida por moradia no país. Lógica do poder não sabe lidar com esses conflitos.
Pedro Carrano, de Curitiba (PR) – (Colaborou: Venâncio de Oliveira)
As 12 comunidades e vilas do bairro do Uberaba, na periferia de Curitiba, trabalhadores e habitantes do local conheceram a experiência de uma “ocupação” de cerca de 450 policiais, um operativo denominado Unidade do Paraná Seguro (UPS), projeto piloto cuja comparação é inevitável com o modelo da contraditória Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), do Rio de Janeiro. Ao longo de uma semana de cerco policial no bairro – que prossegue até o momento – foram presas 17 pessoas, três delas no dia da invasão da PM, com o pretexto de combate ao tráfico e à violência. Mais de duas mil e quinhentas abordagens foram feitas, para apenas 34 mandados de busca e apreensão cumpridos. Ao final, não houve apreensão de drogas e armas. Cerca de 300 policiais permanecem na área para a instalação da UPS.
Há suspeitas, por parte de pesquisadores do tema, que esses fatos tenham relação com possíveis remoções futuras em áreas de ocupação irregular, tendo como foco a “higienização social” e o terreno limpo para a vinda de turistas durante a Copa do Mundo, uma vez que o bairro está no corredor entre o aeroporto e o centro da capital. Há locais em Curitiba com maior índice de violência, uma vez que o Uberaba é a região considerada a terceira mais violenta de Curitiba. É certo que outras experiências como essa estão no horizonte do governo do Paraná. Até o final de 2012, Curitiba deve contar com 10 UPS. No interior do estado, entre 20 e 25 cidades devem receber a experiência até 2014, de acordo com declarações do secretário de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César.
Entidades de Direitos Humanos repercutiram a denúncia de que o servente de pedreiro Ismael Ferreira da Conceição, jovem afrodescendente de 19 anos, foi preso sem motivo e torturado por policiais militares. O poder, por sua vez, esquiva-se e classifica que o caso não repercute na totalidade da UPS. Embora a divulgação tenha sido de uma suposta tranquilidade do operativo, como se expressaram os veículos de mídia corporativa, entusiastas da ação, caso da RPC (filial da Rede Globo), as fotografias de fuzis apontados para moradores, em casas extremamente simples, deixa no ar a desconfiança sobre o método da ação. Denúncias de pessoas que realizam trabalho social no Uberaba apontam que moradores são usados para que a polícia chegue aos pontos de tráfico. “Na primeira semana, eles mostraram terror, apontando a metralhadora para todo mundo, intimidando no ônibus, inclusive o meu filho foi tratado como se fosse suspeito. Essa semana já houve um assassinato. Partem do princípio de que todos são bandidos”, descreve uma professora, moradora da região.
“Nossa leitura é de que há uma ‘policização’ das relações sociais e de polícia, relação social que não apresenta para a comunidade Educação, Saúde, não leva creches para a população. As políticas de assistência social não precisam de polícia, mas o discurso é como se fosse necessário primeiro esse tipo de ação”, reflete André Giamberardino, pesquisador do núcleo de práticas jurídicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Na análise dele, a criação de um contexto de medo interessa ao capital privado. “O medo do crime se tornou uma matéria-prima que dá origem a vários produtos, um deles é o voto. Apela para a emoção da pessoa e produz muito lucro, por meio do mercado da segurança privada, que representou o segundo maior lucro dos últimos anos de empresas privadas no Brasil”, afirma.
É preciso levar em conta nesses casos de repressão direta, ou então em ações de militarização territórios comandados pelo Estado, como é o caso das UPPs, o fato de serem levadas a cabo principalmente por governos declaradamente direitistas, como é o caso de Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo, governados pelo PSDB ou por governadores da base conservadora do governo, como acontece no Rio. Outro fator decisivo, os interesses das imobiliárias financeirizadas têm peso grande em ações de despejo como a que foi feita na Cracolândia, em São Paulo, na mesma semana da repressão contra os moradores do Pinheirinho, na cidade de São José dos Campos, cujo terreno, pertencente ao mega-especulador Naji Nahas já está cotado em R$ 500 milhões após o despejo. “(…) tem-se em grande medida aumentado o espraiamento urbano, com conseqüências para o meio ambiente, os transportes e a infraestrutura, além da especulação imobiliária em curso, sem controle estatal algum. Os instrumentos do Estatuto da Cidade não têm sido quase utilizados, de modo que não há freios para a renda da terra crescer. O mercado imobiliário tem uma particularidade, quanto mais se produz mais caro fica o produto, ao contrário da produção industrial de bens de consumo. Isso porque há escassez de terras. Se não houver uma regulação pública, a máquina de crescimento imobiliário vai se travar ou vai voltar a concentrar seu mercado. O que estamos assistindo é uma verdadeira anti-reforma urbana e a privatização da política habitacional”, afirma o urbanista Pedro Arantes, em entrevista por email ao Brasil de Fato, ao analisar o quadro atual dos programas de moradia e do acesso do povo a eles.

E qual é o modelo?

A construção midiática em torno da ocupação policial – ou seria o caso de usar o termo ‘invasão’? – de bairros como o Uberaba, a fim de construir um consenso entre a sociedade e entre os próprios moradores, encobre um modelo de gestão que lida com os problemas sociais sem parecer entender suas reais necessidades. É como se o próprio poder colocasse a população sob sua tutela, segundo suas regras e sempre com o limite anunciado da repressão. “Trata-se de um modelo de polícia. A UPP do Rio de Janeiro parte da premissa de que seria possível compatibilizar o modelo de polícia comunitária com o da polícia militarizada. Porém, o sujeito é treinado para a guerra e não para fazer o modelo de polícia comunitária. É preciso uma reforma profunda na estrutura de polícia no Brasil, pois esse modelo de militarização decorre de outra época”, critica André Giamberardino, da UFPR.
No caso específico de Curitiba, mas também de maneira geral, o poder público retruca que não há outro caminho, embora se recuse a taxar como militarização ações como a criação das UPS. “Esse caso de tortura tocou o projeto da UPS, pela proximidade geográfica, por ser morador do Uberaba. Só acho injusto dizer que isso ocorreu pela UPS. Eu fui lá domingo [passado]. Pude ver a alegria das pessoas e vi o orgulho da tenente Carolina [Costa], que coordena o trabalho lá (…)”, justificou o Secretário de Segurança do Estado, Reinaldo de Almeida César, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, questionado sobre a tortura contra um jovem negro.

Abre alas para o Capital

A relação desse e de outros tantos episódios com os megaeventos, sobretudo no caso do Rio de Janeiro, demonstra um modelo voltado a serviço do mercado, e não das necessidades de moradia ou outros serviços básicos para a população. “São projetos que respondem tão somente à questão da Copa, pautados pelas diversas empresas e corporações, segundo determinados requisitos do mercado. Salvador, Rio de Janeiro tornaram-se cidades commodities, isso tem a ver com a criação de espaços higienizados”, diz o especialista Pedro Bodê, do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da UFPR.
A hipótese de Bodê não está congelada em alguma análise sociológica estéril. Está nos fatos. Informações do jornal Estado de São Paulo (fevereiro), apontam que uma gama de empresas de serviço, a exemplo da Sky, de TV por assinatura, além dos ramos de telefonia e energia elétrica, tem lucro imediato, quase instantâneo, em situações de militarização dos territórios pobres. Assim que as forças policiais ocuparam o complexo de São Carlos, na região central do Rio de Janeiro, 140 funcionários entraram no conjunto de comunidades e, em quatro dias, fecharam mil assinaturas. A visão de Thiago Hoshino, membro da Articulação Nacional do Comitê Popular da Copa do Mundo, corrobora para a análise de prioridade do mercado e dos espaços higienizados em favor do Capital. “As favelas são a reserva de terras que o Capital deixa para os pobres, especulando enquanto interessa, por isso não dá a escritura e a propriedade para eles”, afirma. Hoshino elenca o exemplo de que as UPPs no Rio de Janeiro receberam investimento particular do megaempresário Eike Batista, no valor de RS 30 bilhões.

Os novos e os antigos Pinheirinhos

Parte da classe trabalhadora que expandiu seus rendimentos tem acesso à moradia por meio de programas de financiamento. No entanto, camada que possui entre 1 a 3 salários mínimos ainda está apartada do acesso à moradia digna
Denise Franciscato tem 18 anos, é casada e vive de aluguel, que devora boa parte do seu trabalho assalariado de R$750, como auxiliar administrativa em uma fábrica na zona sul de Curitiba – a mesma profissão do marido, afastado por acidente de motocicleta. Esse é o mesmo caso de Gislaine, 22 anos. Ambas dividem espaço em uma área de ocupação em Curitiba, na Cidade Industrial de Curitiba, organizada há três semanas, que se expandiu como rastilho de pólvora e reuniu jovens assalariados com o mesmo perfil das duas amigas. Calcula-se mais de 1000 pessoas passaram a ocupar a área, sob a esperança difusa de abandonar o aluguel ou a moradia de favor. “Cohab é ilusão. Até o financiamento do programa Minha Casa Minha Vida é caro”, as duas avaliam. Em comum, a inserção das duas amigas no mundo do trabalho, algo assim mesmo insuficiente para comprar o acesso à moradia.
“No Brasil, como em toda a América Latina, a diferença entre o preço da terra urbanizada e a capacidade de compra dos salários sempre foi muito alta. Daí que a informalidade é a regra e não a exceção, e as favelas e as periferias foram sendo auto-construídas pelos seus moradores. Trata-se de uma ilegalidade em grande medida consentida pelo sistema pois, com isso, o Estado se desincumbe de parte dos custos de reprodução da classe trabalhadora e as empresas podem pagar salários mais baixos”, analisa o urbanista Pedro Arantes.
Logo na manhã do fechamento da reportagem (12), a ocupação na Cidade Industrial foi despejada por um operativo de 320 Policiais Militares, ao lado do Batalhão de Choque e da Guarda Municipal de Curitiba, em terreno que se revelou pertencente à Prefeitura de Curitiba. O comandante do operativo, o major da Polícia Militar, Antônio Zanata Neto, afirmou que o operativo teve caráter pacífico, o que repercutiu em todos os canais de TV. Porém, os moradores reclamam do uso de gás lacrimogêneo antes mesmo do diálogo com as lideranças da ocupação. “Não teve conversa e a polícia foi soltando bomba, não é isso que o povo merece, não estamos querendo ficar aqui de graça. Havia mulheres grávidas na ocupação e soltaram bombas, numa guerra de um só”, lamenta um operário de indústria química, chamado Cesar.

Necessidades básicas

Uma pergunta que os analistas e cientistas sociais ainda deixam em aberto se refere às necessidades desse segmento da classe trabalhadora, que nos últimos anos teve acesso ao emprego, que aumentou seu rendimento e a demanda por direitos básicos essenciais, para além do acesso à renda e ao consumo.
Como se viu até aqui, a mobilidade social e a ainda tímida movimentação da classe trabalhadora não foi bem digerida pelo Poder, que responde com repressão, sem saber lidar com esta nova dinâmica social. Também do ponto de vista das necessidades materiais, a questão não está resolvida. A principal delas talvez seja a questão do acesso à moradia, problema que não se resolve apenas com o pequeno aumento no rendimento do trabalho e maior acesso ao consumo. A questão segue pendente. E a demanda, reprimida. Nos seus locais de trabalho, a insatisfação está evidente com as recentes greves por aumentos salariais e melhores condições. Porém, qual a necessidade dos trabalhadores hoje em relação à Saúde, Moradia, Saneamento, Educação, Transporte, Cultura?

Programas não contemplam os “de baixo”

A análise do urbanista Pedro Arantes aponta que houve pequena mobilidade na relação entre as massas populares e o acesso à moradia, mas especifica qual fração conseguiu essa inclusão: “enquanto o mercado imobiliário se concentrava no topo da pirâmide social, nas chamadas classes A e B (acima de 10 salários mínimos de renda familiar), na última década houve um alargamento do mercado para incluir estratos até 6 salários”, descreve. São dois segmentos diferentes, de acordo com Arantes. “O MCMV atende em duas modalidades: oferta de mercado com incorporação imobiliária e subsidiada pelo governo para a faixa de 3 a 10 salários mínimos (a chamada Classe C). Construção privada direcionada para atendimento a demanda dirigida abaixo de três salários mínimos (Classes D e E), organizada em imensas filas pelas prefeituras em função de prioridades de atendimento (áreas de risco, remoções, mulheres chefe de família, idosos etc)”, explica.
Portanto, a tão propalada “classe C” teve acesso ao mercado imobiliário, via mecanismo financeiro, ao passo que, para as pessoas com renda entre 1 a 3 salários mínimos a oferta ainda é insuficiente, confinadas nas periferias-extremas e sem condições dignas de vida. Daí talvez a resposta para os de insatisfação deixada pelo programa Minha Casa, Minha Vida. “A emergente Classe C, que cresceu em ritmo chinês nos anos Lula, e teve acesso a bens de consumo que não tinha antes, está sendo atendida pelo MCMV e a previsão é de quase zerar o déficit habitacional para as famílias com renda acima de 1,6 mil reais. Acontece que o grosso do déficit (87%) está situado nas Classes D e E, que será muito menos atendida e, quando atendida, com empreendimentos habitacionais muito piores”, define Arantes.
Os dados da fila da Cohab, em Curitiba e na Região Metropolitana, que refletem a demanda reprimida por moradia, encaixam com perfeição dentro da análise acima. A maior faixa salarial inscrita na fila da Cohab percebe de 01 a 02 salários mínimos. No total são 27 mil pessoas, ou 31,58% das famílias inscritas, seguidas de 24.166 pessoas com renda mensal de 02 a 03 salários mínimos, ou (28,26% dos inscritos). Trata-se de um total de 85.516 pessoas. O número de inscritos na fila da Cohab-Curitiba teve um salto gigantesco a partir de 2009, possivelmente vinculado ao lançamento de programas governamentais, tais como o Minha Casa, Minha Vida. De 2.355 pessoas (2002), a procura passou a 15.198 nomes (2011) apenas na capital paranaense.
Desse modo, se arrola para o futuro o problema de exclusão e desigualdade brasileira: o grande déficit habitacional, a especulação imobiliária, os monopólios territoriais. “São essas pessoas que estão indo para ocupações de terra, os antigos e novos Pinheirinhos. São os que não têm condições de ir num estande de vendas de habitação econômica de mercado para comprar sua casa nova e ficam em filas intermináveis do governo, sem saber quando vão ser atendidos. E são os que têm as condições mais precárias de moradia, em áreas de risco, favelas, cortiços etc. São esses ‘danados da terra’ que recebem o Bolsa Família e outros programas sociais, mas que não estão sendo incluídos com a mesma proporção e velocidade que a Classe C”, aponta Arantes.

Vazios urbanos em São Paulo


domingo, 18 de março de 2012

Famílias do MLB ocupam terreno em Recife

Domingo, 18 Março 2012 16:55
A Verdade - 180312_mlb[Elizabeth Araújo] Trezentas famílias organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB) ocupou um terreno da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que estava desocupado há 30 anos e fica localizado no Bairro do Engenho do Meio, Recife, cidade que tem um déficit habitacional de 80 mil moradias.

A ocupação aconteceu no dia 31 de janeiro e após um mês de resistência foi batizada pelo nome de Ruy Frazão Soares. Hoje, funciona com cozinha coletiva, banheiros, creche, segurança, portaria, ruas com coordenadores e assembleias diárias. Três reuniões foram realizadas com a reitoria da UFPE e a última teve a presença de um representante da União.
Mas quem são os moradores da Ruy Frazão e por que eles decidiram participar de uma ocupação?
Mulher de um sorriso contagiante, Josefa Izaura da Silva Gomes, 45 anos, vive de vender empadas e seu único bem é uma bicicleta velha que utiliza para carregar e vender seus salgados. Quando conheceu o MLB, começou a participar de várias reuniões e logo veio a decisão de ocupar. "Tenho 25 anos de casada, uma filha de 18 anos. Morava com meu marido em um terreno numa casa que é herança de sete irmãos; durante esse tempo, sofri ameaças e agressões; quando ocupei, ele não gostou e para se vingar deu fim a tudo que tinha, só sobrou a bicicleta que estava na casa do vizinho. Hoje, em primeiro lugar é Deus, depois minha família da ocupação. Quando a gente começou a limpar o mato e o dia começou a raiar, eu só pensava aqui agora é minha casa."
A luta não tem idade. Lindalva Nunes de Oliveira, 53 anos, viúva, mãe de dois filhos, sobrevive cuidando de idosos e passou os últimos seis meses na reunião de preparação da ocupação. "O dia da ocupação foi emocionante porque nunca participei de nada parecido; hoje eu olho e digo: meu Deus, eu sou uma mulher muito corajosa, estou feliz, apesar da minha saúde; quando preciso dormir fora, fico o tempo todo pensando no meu barraquinho, acredito que agora é só vitória"
Sulamita Ramos da Silva, 44 anos, casada e mãe de três filhos, decidiu participar da luta por moradia, na Associação de Moradores do Bairro do Joana Bezerra. "Fiz minha inscrição e comecei a participar, foram cinco meses de reuniões. No começo fiquei com o pé atrás, pois minha irmã tinha participado de uma ocupação com outro grupo, que tinha tráfico, muita violência, até o dia que ela desistiu; com o passar do tempo, todos começamos a participar das reuniões do MLB e a acreditar no movimento, porque para dar certo primeiro você tem que acreditar."
Mãe de seis filhos, Roseane Bezerra da Silva, 28 anos, vive na ocupação com sua filha caçula, a pequena Clarise Stefane, de seis meses. Conheceu a ocupação de Mulheres de Tejicupapo; na época não pode participar e ficou numa lista para uma nova ocupação do movimento. Participou de reuniões por sete meses. "É a situação que faz a gente ocupar, na hora da entrada eu fiquei desesperada, quando vi cobra, bichos, pensei não vou agüentar! Hoje, tudo tá valendo a pena, porque pagar aluguel não é fácil não, meu marido tem mais dois filhos e paga pensão, ele dizia que não ia dar certo, eu ia sozinha. Quando ele viu que eu não ia desistir, que era sério, começou a lutar comigo."
Com uma barriga de sete meses, Priscila Moura Francisco, 20 anos, já participava das reuniões a seis meses. Soube por vizinhos da Iputinga que estava acontecendo uma reunião no Casarão do Barbalho. "No começo, pensei em representar minha mãe, já que moramos juntas de aluguel, mas fiquei grávida, desisti por um tempo, aí foi ela que me chamou para voltar; na noite que ocupamos, só estávamos nós duas, nem meu pai ou o pai de minha filha vieram. Tive medo que pudesse acontecer algo de errado, mas hoje tá tudo tranqüilo acredito na vitória, terei minha casa com um quartinho para minha filha."
O desejo de realizar o sonho de ser mãe fez com que Daniela Rodrigues da Silva, 28 anos, casada, começasse a participar das reuniões do Movimento. "A necessidade faz a gente aprender muita coisa. Quero muito ter um filho, mas penso, como? Se tudo é tão caro, pagamos aluguel e não sobra nada. No dia que ocupamos, senti medo, não sabia o que me esperava, mas quando o muro caiu, eu pensei: é minha casa e vou atrás agora; o maior patrimônio do pobre é sua casa."
As razões que levam uma pessoa a participar de uma ocupação, como vimos, são muitas: desejo de libertar-se de vários tipos de violência, consolidar uma família, envelhecer com tranqüilidade, etc. Ao povo, nada ou quase nada sobra na divisão dos recursos do governo. Resta ao povo apenas a luta, a resistência.
http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=25356:familias-do-mlb-ocupam-terreno-em-recife&catid=54:reportagens&Itemid=75#.T2X3eRCbhEE.twitter 

A terra das violações

Moradoras deixam comunidade no dia da reintegração de posse do assentamento Pinheirinho. Foto: Reuters/Latinstock
Um relatório do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) identificou mais de 1800 denúncias de violações de direitos humanos por parte da Polícia Militar e Guarda Civil durante a desocupação do assentamento Pinheirinho, em 22 de janeiro. A maior parte delas (13,6% do total de denúncias e citada por 41% dos entrevistados) se refere a ameaças e humilhações.
Das 634 pessoas que responderam ao questionário, 166 (26,2%) relataram ter sofrido algum tipo de agressão física e 205 afirmaram que suas casas foram  demolidas sem tempo para a retirada de seus bens. Além disso, 80 pessoas disseram ter ficado sem emprego ou fonte de renda por conta do episódio. Para piorar, ao menos 71 casas foram saqueadas e 67 pessoas foram ameaçadas por pessoas armadas.
O documento exige uma tomada de responsabilidade por parte das autoridades e a abertura de inquérito civil público pelo Ministério Público e faz o pedido, junto à Secretaria de Segurança Pública (SSP), para que forneça as imagens gravadas durante a operação, sem cortes, e a relação dos soldados participantes – além de investigações na Corregedoria. Por fim, exige uma força-tarefa da Defensoria Pública, dado o grande número de vítimas no processo.
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A pesquisa foi feita com os moradores que estavam nos abrigos disponibilizados pela prefeitura, totalizando 370 famílias. O documento traça um perfil morador do Pinheirinho, que tem renda média entre um e dois salários mínimos. As profissões mais comuns são de pedreiro, trabalhador doméstico, ajudante de obras e auxiliar de serviços gerais. Do total das famílias entrevistadas no abrigo, havia 969 crianças e adolescentes que moravam com os pais.
O relatório destaca também casos exemplares de violação. Entre eles, um suposto estupro cometido por policiais militares na noite do dia do despejo. Um inquérito policial apura a denúncia, levantada pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP). A violência teria ocorrido no bairro do Campo dos Alemães, vizinho ao Pinheirinho. Dois policiais militares teriam forçado uma jovem a realizar sexo oral. Logo depois, trancaram o irmão da moça em um quarto e ameaçaram estuprá-lo com um cabo de vassoura. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, um inquérito foi instaurado para apurar o caso, mas ainda está em fase de conclusão.
Segundo o deputado estadual Renato Simões (PT), relator da Comissão de Direitos Humanos do Pinheirinho, a sede da Polícia Civil em São José dos Campos já chegou aos nomes. Segundo Simões, o órgão informou que os PMs envolvidos eram membros da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e estavam em busca de um traficante.
“No dia 22 e nos três dias seguintes, a PM agiu como uma força de ocupação territorial que isolou a região: direito de ir e vir suspenso em determinados momentos e limitados em outro, violência contra moradores, arbítrio. Caldo de cultura ideal para um grupo de desajustados como os PMs que fizeram essa barbaridade julgarem-se suficientemente protegidos para perpretar o abuso”, afirma Simões.
Outro caso emblemático ressuscitado no relatório é de Ivo Teles dos Santos. Duas semanas após a reintegração de posse, Ivo foi encontrado por sua companheira em um hospital de São José dos Campos, internado na UTI, em estado grave. O aposentado de 70 anos foi ao posto de saúde do Campo dos Alemães queixando-se de agressões por parte de policiais militares,como relatado em reportagem de CartaCapital. Boletim médico informa que o paciente foi vítima de um acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH), mas membros da Defensoria Pública de São José suspeitaram, na época, de que documento tivesse sido fraudado.
A prisão não justificada de Guilherme Boulos, liderança do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) no dia da reintegração também foi relatada no documento. O líder foi agredido e preso, sendo liberado mediante fiança de 700 reais. Por fim, o caso de David Washington Furtado, baleado em um tumulto próximo aos abrigos.  ”A parede de frente às quadras não teria ficado perfurado. Se fosse bala de borracha ele não teria ficado 17 dias no hospital; está com sequelas”, afirma Maria Laura de Souza, mulher de David. O casal também relata ter testemunhado o momento em que Ivo Teles foi agredido.
Para ler o relatório completo, clique aqui.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Ocupação Dandara garante: vai resistir a tentativas de reintegração

Ocupação já reúne 1050 famílias em um terreno de 31,5 hectares, abandonado desde a década de 1970 | Foto: Ocupação Dandara

Vivian Virissimo
Em homenagem à guerreira negra esposa de Zumbi dos Palmares, a ocupação Dandara, localizada em Belo Horizonte (MG), já reúne mil e cinquenta famílias de sem-teto e se organiza para resistir a uma possível ação de reintegração de posse. Inspirados na história da companheira de Zumbi, que preferiu tirar sua própria vida a voltar à condição de escrava, os moradores ocuparam há três anos um terreno de 31,5 hectares abandonado desde a década de 1970.
“Não arredaremos o pé nem um milímetro. Se a tropa de choque entrar em Dandara vai ser um massacre na certa. Diferente de Pinheirinho, Dandara é um terço do território, metade de famílias, e a comunidade está muito bem organizada, além de termos uma grande rede de apoio”, falou uma das lideranças da ocupação, frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Outra liderança da ocupação, Rosimar Ione dos Santos Silva contou como soube da ocupação e o perfil dos moradores. “Fiquei sabendo da ocupação pelo noticiário da Rede Record e vi uma oportunidade de criar minhas filhas. Até então eu morava de favor na casa do meu pai”. O perfil de Rosimar é o da maioria dos moradores de Dandara: mulheres que lutam por moradia para seus filhos. “As mulheres tomaram a decisão de ocupar o espaço e os maridos ficaram para trás, só depois vieram para acompanhar a família”, contou.
“O perfil dos moradores é de quem realmente necessita, que luta pela moradia e que não vai desistir jamais. Essa é a minha primeira ocupação de muitas que virão. Eu não estou só para lutar pela minha moradia, também vou lutar pela moradia do próximo. Estaremos sempre juntos de mãos dadas, abraçados e lado a lado nessa causa”, falou Rosimar.
Os moradores de Dandara reivindicam a desapropriação da área para fins de moradia, mas até agora os poderes públicos federal, estadual e municipal não ofereceram uma solução articulada para resolver o impasse. Pleiteada pela construtora Modelo, a Justiça estadual determinou a reintegração de posse em outubro último, mas a decisão foi suspensa e uma audiência de conciliação está marcada para o dia 3 abril. Ao recolher o mandato de reintegração, a Justiça acolheu uma ação civil pública da Defensoria Pública de Minas Gerais em favor dos moradores.

Reintegração de posse está suspensa após ação civil pública da Defensoria Pública de MG; audiência de conciliação está marcada para abril | Foto: Ocupação Dandara
Localizada no Bairro Céu Azul, região da Nova Pampulha, Dandara começou com 150 famílias em 9 de abril de 2009 e já conta com mil e cinquenta famílias cadastradas o que equivale a cerca de 3 mil moradores. São 887 lotes, cada um com 128 metros quadrados, com 800 casas de alvenaria construídas ou em construção e cerca de 100 barracos.
O número de famílias é maior do que o número de casas em função de mais de uma família compartilhar uma moradia. Em alguns casos, é possível encontrar dez ou até quinze pessoas dividindo a mesma casa. Na fila de espera, já estão mais de duas mil famílias. Para ter acesso a água e energia os moradores fazem “gatos” e o local não tem saneamento básico.  Dandara conta com uma avenida com 35 metros de largura e ruas que foram nomeadas pelos próprios moradores: Chico Mendes, Nelson Coutinho, dos Sem Terra, da Diarista, Zumbi dos Palmares, dos iraquianos, Zilda Arns, entre outros. Um plano urbanístico foi elaborado pela PUC/Minas e UFMG para tentar atender as necessidades da comunidade.

"Esperamos que Antonio Anastasia (PSDB) não cometa a insanidade que cometeu São Paulo (em Pinheirinho)", afirma frei Gilvander | Foto: Arquivo Pessoal
A ação foi realizada pelo Fórum de Moradia do Barreiro, Brigadas Populares e MST e fez parte do Abril Vermelho, data em que se reforçam as lutas sociais pela função social da propriedade. A ocupação rururbana inaugurou em Minas Gerais a aliança entre os atores da Reforma Agrária e da Reforma Urbana. “A proposta inicial era ser um assentamento rururbano, mas o MST saiu institucionalmente após o primeiro ano, não por divergência ou brigas internas, mas porque não tiveram militantes suficientes e porque foram apoiar outras ocupações. Mas mesmo com a saída institucional, o MST continua apoiando Dandara”, contou o frei Gilvander. Por ter sido planejado como um assentamento rururbano, muitas famílias mantém hortas principalmente para consumo próprio. Dandara conta hoje com mais de 250 quintais, além do projeto de uma horta comunitária de 45 metros quadrados que irá complementar a renda dos morardores.
O déficit habitacional em BH é estimado em 70 mil famílias sem moradia e esse número chega a 1 milhão em todo o estado de Minas. De acordo com o IBGE existem pelo menos 80.000 imóveis ociosos em BH que não cumprem a função social da propriedade e o terreno de Dandara se juntava a esse quadro fortalecendo a especulação imobiliária. Um levantamento feito pela Coordenação de Prevenção e Mediação de Conflitos Fundiários da Secretaria Nacional de Habitação afirma que existem 14 ocupações em Minas.
Reintegração ou desapropriação aguardam parecer da Justiça
A determinação de despejo das cerca de 3 mil pessoas que moram na área foi expedida em outubro de 2011 em resposta à ação de reintegração de posse da construtora Modelo. Os advogados de Dandara conquistaram a suspensão e revogação do mandado de segurança. Agora, uma audiência de conciliação está marcada para 3 de abril para definir a situação da ocupação Dandara.
O imbróglio jurídico começou quando a construtora Modelo fez um contrato em 1997 com os herdeiros da área com a promessa de construir prédios com a condição de repassar os apartamentos prontos para os proprietários. Só que a construção nunca foi iniciada e agora a construtora Modelo alega na Justiça a propriedade da terra. “Há a suspeita de que tenha ocorrido grilagem do terreno. Nós apuramos que a documentação apresentada pela construtora Modelo possui uma série de irregularidades e não está registrada em cartório de BH, mas em outras duas cidades da região, o que é ilegal do ponto de vista do Código Civil”, disse o Frei Gilvander. De acordo com ele, o terreno tem uma dívida de R$ 2 milhões e 200 mil em IPTU.
Além disso, o processo corria em duas varas diferentes, na cível e na fazenda pública. Um dos processos determinou a continuidade da comunidade na ocupação e outro mandou despejar. “Agora ganhamos a conexão dos dois processos. A construtora Modelo não tem posse, o registro é ilegal e não cumpria a função social. O problema é que o tribunal de Minas é muito conservador e a regra é privilegiar a propriedade e não os direitos sociais. Temos o risco de perder, mas se isso acontecer, vamos recorrer”, avalia o Frei.

Moradores da Ocupação Dandara se mobilizam para evitar ação semelhante à desapropriação ocorrida em Pinheirinho, no interior de SP | Foto: Ocupação Dandara
Dandara é o novo Pinheirinho?
Depois do grande conflito urbano registrado em Pinheiro, todos os movimentos populares que lutam pelo direito à moradia estão atentos as movimentações políticas e jurídicas e se questionando se outras ocupações poderão ter o mesmo desfecho de São José dos Campos. “Esta pergunta está no ar. O governo Geraldo Alckimin (PSDB) autorizou dois mil policiais a fazer aquela barbárie em São Paulo e tinha um tribunal conservador apoiando. Esperamos que Antonio Anastasia (PSDB) não cometa a insanidade que cometeu São Paulo e que o TJ, mesmo sendo conservador, não tome uma decisão como essa”, comentou Gilvander.
Na ocupação em 2009 a polícia reprimiu fortemente os movimentos sociais. Na ocasião, mais de 150 homens da tropa de choque da polícia tentaram despejar as famílias sem liminar de reintegração de posse, usando bombas, gás de pimenta e tiros de borracha. Agora, porém, a polícia está adotando outra postura. “Nos dois primeiros anos foi uma perseguição muito grande, a polícia fazia 24 horas de vigilância e proibia a entrada de moradores com material de construção. Agora a polícia está sendo mais compreensiva”, relatou.
Ele contou que já teve um conversa de 25 minutos com a presidenta Dilma Rousseff e que ela teria confirmado a liberação de recursos para enquandrar Dandara tanto em projetos como Minha Casa, Minha Vida quanto no PAC das Favelas. “A presidenta Dilma falou que Dandara já é um bairro e que não se pode derrubar as casas e que a regularização será feita com a condição de que o terreno seja desapropriado pelo prefeito Marcio Lacerda (PSB) ou pelo governador Antonio Anastasia (PSDB). Infelizmente, ambos continuam truculentos, não aceitam dialogar, lavam as mãos e alegam que o terreno é muito caro”, acrescentou.
Três imobiliárias fizeram um levantamento e estimaram que a área está avaliada em R$80 milhões. Gilvander ressaltou que a lei de desapropriação prevê o pagamento de 60% do valor de mercado e que a construtora tem a dívida de R$ 2,2 mi em IPTU. “Além disso, a documentação da construtora Modelo apresenta irregularidades e não possui a posse do terreno. Sem a posse legal da construtora, as 1500 famílias são consideradas posseiros e têm direito a indenização de 50% do valor final negociado”, complementou Gilvander.
Rede de apoiadores internacionais e locais
A ocupação urbana tem reconhecimento nacional e internacional em função da campanha de solidariedade “Mexeu com Dandara, Mexeu Comigo” que está sendo organizada pelas Brigadas Populares. Em novembro, os ativistas do Occupy Wall Street encaminharam uma carta de solidariedade aos movimento. “Sabemos que a Ocupação Dandara é, assim como o nosso movimento aqui em Occupy Wall Street, fruto da ousadia daqueles e daquelas que decidiram dizer NÃO à especulação imobiliária, à injustiça social, ao desrespeito aos direitos fundamentais e, sobretudo, a um sistema que privilegia o capital em detrimento do humano”.
Eles ressaltaram a resistência da ocupação e também a auto-organização da comunidade como fatores cruciais para consolidar o movimento. “E, assim como nós, a Ocupação Dandara resiste: resiste à ganância do capital imobiliário, à violência policial, à injustiça das decisões proferidas pelo Judiciário, à indisposição do governo local a estabelecer qualquer diálogo e à anti-propaganda feita pela mídia local”, escreveram.
Os moradores de Belo Horizonte também registraram um ato importante em apoio a Dandara. Desde a notícia do mandado de despejo no processo de reintegração de posse, Dandara tem recebido grande número de visitantes diariamente. No dia 16 de outubro, em torno de toda a comunidade de 330 mil metros quadrados cerca de 3 mil pessoas, de mãos dadas, fizeram ato em repúdio a decisão que decretou o despejo.

Isabella: "Poder público trata pessoas como invasores e invasores como criminosos, indignos de qualquer direito, como se não fossem cidadãos integrais" | Foto: André Carvalho/Sul21
Uma das apoiadoras, a estudante de Ciências Sociais, Isabella Gonçalvez Miranda, ressaltou que todo esse envolvimento da sociedade faz uma diferença enorme para a ocupação pois aumenta o custo político da remoção e da violência contra os moradores. “É muito comum o poder público tratar essas pessoas como invasores e tratar invasores como criminosos, portanto, indignos de qualquer direito, indignos de qualquer tratamento. Então é mais que óbvio, que eles não consideram essas pessoas humanos integrais, cidadãos integrais. Mas o que se tem notícia é que realmente é um massacre anunciado. A população de Dandara fala que não sai de lá de jeito nenhum, só sai morta”, destacou Isabella.
Ela é do Pólos de Cidadania, um programa de pesquisa e extensão temática do direito à cidade da UFMG e trabalha junto as Brigadas Populares. “Esses movimentos que tem essa proposta de fazer valer a função social da propriedade e muito além, é prover moradia digna em bom espaço, boa localização, com boa infraestrutura e tudo que for preciso para realização dos direitos das pessoas”, disse.

Publicado no Sul 21